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Oriente Médio

Governo sírio não tem a intenção de ceder o poder

24 jun 2013 - 11h43
(atualizado às 12h30)
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O regime de Damasco declarou nesta segunda-feira que o presidente Bashar al-Assad "não renunciará" e não entregará o poder à oposição síria.

"O presidente Assad não renunciará", insistiu o ministro sírio das Relações Exteriores, Walid Mualem, durante uma coletiva de imprensa em Damasco.

"Se a condição é que o presidente Assad renuncie, não se incomodem em participar" da Conferência de Paz de Genebra 2, afirmou à oposição.

Moscou e Washington tentam organizar esta conferência em vista de uma solução política para o conflito, reunindo o regime e a oposição síria.

A oposição, que exige a saída do regime, expressou suas reservas em participar da conferência, principalmente após o avanço das tropas governamentais, apoiados pelo Hezbollah libanês, no terreno.

Mualem também comentou a decisão do grupo Amigos da Síria em Doha de reforçar a ajuda à oposição, ao afirmar que armar os rebeldes na Síria prolongaria o conflito no país.

"Isto prolongará a crise, estimulará os terroristas a cometer mais crimes (...) vai impor travas à conferência de Genebra", declarou o chanceler sírio.

O grupo de Amigos da Síria reunido em Doha decidiu no sábado aumentar a ajuda à oposição para reequilibrar as forças no campo de batalha.

O grupo afirmou que cada país poderá ajudar os insurgentes "a sua maneira", evitando, assim, a sensível questão da ajuda militar direta. Até o momento, a maior parte deste tipo de ajuda aos rebeldes veio da Arábia Saudita e Qatar.

"A cada vez que o Exército (sírio) liberta uma localidade (...) eles (os países ocidentais) dizem que há um desequilíbrio (de forças) e que é necessário armar a oposição", declarou Muallem, afirmando existir "grandes dúvidas sobre as intenções" desses países.

"A quem essas armas serão enviadas? Todos os relatórios mostram que a Frente Al-Nusra é quem domina o campo, existem até mesmo algumas facções do Exército Sírio Livre (ESL, principal grupo armado da oposição) que se juntaram a ela".

"Então, no fim das contas, eles irão armar a Al-Nosra", um grupo de jihadistas ligado à Al-Qaeda que combate ao lado dos rebeldes, disse Muallem.

"Nós não iremos a Genebra, para entregar o poder a outra parte (...)", ressaltou Muallem.

"Se quiséssemos entregar o poder, por que ir para Genebra? Poderíamos transferir o poder aqui, em Damasco", acrescentou.

De acordo com o ministro sírio, "todos aqueles que se reuniram em Doha têm sangue sírio em suas mãos", acusando-os de serem "agentes de Israel".

Ele prestou homenagem ao Irã, principal aliado regional do regime de Damasco.

"Nunca esqueceremos a posição honrosa do Irã, que se colocou ao lado da Síria. Temos projetos conjuntos para reconstruir o que os sabotadores destruíram" na Síria.

Para Muallem, a presença do Irã na Conferência de Genebra-2, prevista para os próximos meses, "é muito importante".

Questionado sobre a situação no Líbano, onde episódios de violência relacionados com o conflito na Síria foram registrados no Sidon, no sul do Líbano, Muallem expressou a esperança de que "o Exército libanês dê uma lição aos terroristas", referindo-se a um líder radical sunita hostil à luta do Hezbollah ao lado do regime na Síria.

Por fim, Muallem criticou o envio de um memorando sobre "as violações sírias no Líbano" à ONU pelo presidente libanês Michel Suleimane.

"É um ato inédito na história das relações" entre o Líbano e a Síria, ex-potência de tutela ao Líbano.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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