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Oriente Médio

Gabinete israelense aprova libertação de presos palestinos

28 jul 2013 - 15h10
(atualizado às 15h29)
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O governo israelense aprovou neste domingo a polêmica libertação de prisioneiros palestinos, coincidindo com a retomada das negociações de paz, anunciou a rádio pública local.

O gabinete, de 22 membros, aprovou a proposta do premier Benjamin Netanyahu de libertar os presos por 13 votos a sete, e duas abstenções.

Em carta aberta publicada no Facebook ontem, Netanyahu disse que concordava em "libertar 104 palestinos em etapas, após o início das negociações e de acordo com o seu andamento", e que buscaria o apoio de seu gabinete, que anunciou hoje ter aprovado, ainda, negociações de paz com os palestinos, sem detalhar quando ou onde.

O comunicado, no entanto, não anunciou a aprovação da libertação de presos, citando apenas a criação de um comitê sobre o assunto.

Um oficial palestino disse à AFP ontem que as negociações de paz, paralisadas desde setembro de 2010, recomeçariam em Washington nesta terça-feira.

O negociador-chefe palestino elogiou hoje a decisão do governo israelense.

"Saudamos a decisão do governo israelense de libertar os prisioneiros", disse à AFP Saeb Erakat. "Consideramos isto um passo importante, e esperamos poder aproveitar a oportunidade, surgida a partir dos esforços do governo americano."

O início da reunião de gabinete deste domingo foi atrasado por mais de uma hora, enquanto a imprensa israelense informava que Netanyahu buscava superar oponentes dentro de seu próprio partido direitista, o Likud.

O nome dos prisioneiros ainda deve ser divulgado oficialmente, mas, entre eles, estão militantes condenados pelo assassinato de mulheres e crianças israelenses, e de palestinos suspeitos de colaboração com Israel.

"Este momento não é fácil para mim, não é fácil para os ministros, e, principalmente, não é fácil para as famílias afetadas", disse Netanyahu aos ministros no começo da reunião.

O plano de libertação gerou protestos de famílias de vítimas israelenses, colonos e parceiros linha-dura da coalizão de Netanyahu.

"Libertar terroristas para promover a paz é como tentar apagar um incêndio com gasolina. É perigoso, imoral e irresponsável", criticou o líder dos colonos Dani Dayan.

O vice-ministro da Defesa do Likud Danny Danon pediu que os ministros do partido votassem "não". "Isto é um erro diplomático, um erro moral", disse à rádio pública.

O chanceler francês, Laurent Fabius, elogiou a retomada das conversas: "Recebo de bom grado este potencialmente grande passo, que acontece após um hiato de três anos, e desejo que estas negociações resultem em acordo."

Antes de autorizar a libertação dos presos, o Conselho de Ministros aprovou um projeto de lei que prevê um referendo em caso de acordo de paz com os palestinos.

Netanyahu considerou "importante que, para decisões históricas como esta, cada cidadão vote diretamente", segundo seu gabinete.

O governo anunciou que pedirá ao Parlamento que se pronuncie o quanto antes sobre o texto, que, segundo a imprensa local, poderá ser apresentado na semana que vem à Câmara para uma leitura preliminar.

O referendo seria a última etapa para a ratificação de um acordo de paz após a sua aprovação pelo governo e o parlamento.

O projeto de lei é interpretado como um gesto em favor dos ministros de direita, que temem as concessões que poderiam ser feitas por Israel durante as negociações, como a cessão de territórios sob controle israelense, como Jerusalém Oriental, a partir de uma decisão do gabinete, apesar da oposição de muitos israelenses.

Segundo uma autoridade palestina, que pediu para não ser identificada, autoridades americanas participarão na próxima terça-feira das negociações, que serão dirigidas por Saeb Erakat e a ministra israelense da Justiça, Tzipi Livni.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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