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Oriente Médio

Forças britânicas mantêm até 90 afegãos presos no Afeganistão

29 mai 2013 - 11h49
(atualizado às 11h50)
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O ministério da Defesa britânico admitiu nesta quarta-feira que tem até 90 supostos insurgentes afegãos detidos há meses em um centro de detenção provisório em sua principal base militar, no sul do Afeganistão, mas insistiu na legitimidade da operação.

"Não há nenhuma instalação secreta em Camp Bastion", afirmou o ministério horas após os advogados de oito dos detidos denunciarem a situação de seus clientes na BBC, equiparando esta descoberta com o centro de detenção americano de Guantánamo.

"Nossos clientes estão entre oito e 14 meses detidos sem acusações e sem acesso a advogados, em uma clara violação do direito britânico e internacional", afirmou o escritório jurídico Public Interest Lawyers, que entrou com uma ação judicial em Londres para tentar obter sua libertação.

Em uma entrevista à BBC, o ministro da Defesa, Philip Hammond, admitiu que há "cerca de 80 ou 90" afegãos detidos nesta base da província de Helmand à espera de serem transferidos às autoridades do país centro-asiático, mas ressaltou que o Parlamento britânico conhece a situação.

"Os sucessivos governos informaram ao Parlamento sobre as operações de detenção no Afeganistão", informou posteriormente o ministério, afirmando que isto está registrado em atas de sessões parlamentares desde, pelo menos, 2009.

O ministério também informou que comunicou publicamente o número de detidos, e que a instalação foi inspecionada por membros de uma comissão parlamentar britânica e é vistoriada "regularmente" pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICR).

"Muitos deles são suspeitos de terem matado militares britânicos ou conhecidos por terem estado envolvidos na preparação, no fornecimento ou na colocação de artefatos explosivos improvisados (IED)", acrescentou, alertando para o risco de sua libertação.

Hammond reconheceu, no entanto, que normalmente não deveria haver mais de 20 detidos no centro, mas explicou que o elevado número atual se devia ao fato de o "sistema ter sido bloqueado por problemas na transferência ao sistema afegão".

O ministro ordenou em novembro uma suspensão das transferências depois de receber informações sobre um risco de "maus-tratos" de presos em uma determinada instalação afegã, mas está trabalhando com as autoridades do país e com outros aliados para "desenvolver uma via segura para a transferência destes detidos ao sistema judicial afegão".

Já o fundador do Public Interest Lawyers, Phil Shiner, considerou que o Reino Unido poderia ter treinado o exército e a polícia afegã para que "detivessem pessoas legalmente" e garantissem que as "tratavam de forma humana".

Mas "escolheu seguir por um caminho que é totalmente preocupante e totalmente inconstitucional", denunciou à BBC.

O Reino Unido tem o segundo maior contingente no Afeganistão, atrás dos Estados Unidos, composto por 9.000 homens mobilizados majoritariamente na província de Helmand, no sul do país.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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