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Oriente Médio

Forças afegãs assumem oficialmente o controle da segurança do país

18 jun 2013 - 10h16
(atualizado às 11h09)
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O governo afegão assumiu nesta terça-feira oficialmente o controle da segurança do país, que estava nas mãos da Otan desde 2001, e anunciou o envio de emissários para tentar dialogar com os rebeldes talibãs.

A força internacional da Otan no Afeganistão (Isaf) concluiu nesta manhã a transferência do controle aos afegãos dos últimos distritos ainda sob sua responsabilidade.

O fim do processo, que começou em julho de 2011 nas regiões mais tranquilas e acabou nas zonas mais instáveis, foi marcado por uma cerimônia oficial organizada em um academia militar dos oficiais de Cabul, na presença do presidente afegão Hamid Karzai e do secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen.

"A partir de agora nossas corajosas tropas terão a responsabilidade da segurança e realizarão as operações", disse Karzai em um discurso.

As forças afegãs "assumem a responsabilidade com determinação, e merecem o apoio de todo o povo afegão", declarou Rasmussen.

Em tese, a Isaf terá a partir de agora um papel de apoio, principalmente em caso de ataque aéreo, e de formação dos quase 350.000 membros das forças de segurança afegãs, que incluem soldados, policiais e paramilitares.

A grande maioria dos quase 100.000 soldados da Otan no Afeganistão devem abandonar o país até o fim de 2014.

Os Estados Unidos, que compõe dois terços das tropas da Isaf, deixará no país um contingente de soldados, cujo número ainda não foi determinado.

As autoridades afegãs esperam que esta transferência contribua para reduzir a violência. As operações militares das forças internacionais no terreno, e suas vítimas civis regulares, são, de fato, impopulares e nutrem o ressentimento por parte da população.

Mas a violência não tem diminuído desde o início da retirada progressiva das tropas internacionais, e muitos analistas têm sérias dúvidas sobre a capacidade das forças afegãs, sobretudo depois de 2014, para lutar contra a rebelião talibã, expulsa do poder em 2001, mas que ganhou terreno nos últimos meses.

A situação provoca a temor que o país mergulhe em uma guerra civil uma vez que as tropas estrangeiras deixem o país.

O presidente afegão Karzai aproveitou a cerimônia e anunciou que enviará emissários ao Qatar para negociar com os rebeldes talibãs com o objetivo de acabar com quase 12 anos de guerra no país.

Os talibãs pretendem abrir em breve em Doha, a capital do Qatar, um escritório para facilitar futuras negociações de paz.

Os rebeldes não reagiram a esta nova tentativa do presidente afegão, que tenta há vários anos iniciar negociações pela via do Alto Conselho para a Paz (HCP), uma instância governamental criada para esta finalidade.

Mas os talibãs se recusam a discutir com o governo Karzai, considerado por eles uma "marionete dos Estados Unidos" e, portanto, ilegítimo.

"Nosso Alto Conselho para a Paz irá ao Qatar para falar com os talibãs", declarou.

"Esperamos que a abertura deste gabinete, imediato ou futuro, permita iniciar o quanto antes discussões com o HCP e talibãs", acrescentou Karzai.

O presidente afegão ressaltou, no entanto, que qualquer discussão de paz deve prosseguir no Afeganistão.

Contatos preliminares para as negociações de paz ocorreram nos últimos dois anos entre Washington, que dirige a força da Otan no país, e os talibãs. Mas foram interrompidos devido à falta de acordo entre as duas partes.

Os talibãs reivindicam a libertação de cinco de seus membros presos em Guantánamo como pré-condição para qualquer negociação, o que Washington rejeita.

Os rebeldes afegãos também ressaltam que não haverá negociação de paz enquanto as tropas estrangeiras permanecerem no país.

Os americanos, que pretendem deixar tropas no país após 2014, apresentam como condição prévia a qualquer discussão a aceitação pelo Talibã da Constituição afegã e o rompimento com a Al-Qaeda.

Menos de duas horas antes da cerimônia desta terça-feira entre o governo e a Isaf, uma bomba explodiu em Cabul perto da casa de Mohammed Mohaqiq, um líder da minoria hazara, influente membro do Parlamento e aliado do presidente Karzaï.

O ataque contra Mohaqiq matou ao menos três civis e feriu 24 outros, segundo a polícia.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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