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Oriente Médio

Extrema-direita alemã desafia Berlim e posta vídeo sobre Maomé

17 set 2012 - 15h48
(atualizado às 16h32)
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O ultradireitista partido alemão Pro Deutschland postou nesta segunda-feira o vídeo que ridiculariza o profeta Maomé, apesar da intenção do governo de Angela Merkel de tentar impedir sua difusão por temer problemas de ordem pública.

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O Pro Deutschland, um grupo minoritário e islamofóbico contrário à construção de mesquitas na Alemanha, divulgou através de seu site imagens do filme, que após aproximadamente uma hora ficaram bloqueadas, aparentemente pelo próprio partido. Esta formação, sem representação a não ser em poucos consistórios locais, anunciou seu propósito de exibir o vídeo em sua integridade em Berlim, no próximo mês de novembro, o que deixou a polícia em alarme.

O ministro do Interior, Hans-Peter Friedrich, afirmou que estão sendo estudadas medidas legais para que as autoridades competentes possam impedir tal exibição, depois que a própria Merkel afirmasse que teme problemas de ordem pública. Em um discurso perante meios de comunicação, Merkel se comprometeu a "avaliar" a possibilidade de impedir a exibição desse filme, e argumentou que "a liberdade de expressão também tem seus limites".

A exibição do controvertido vídeo, produzido nos Estados Unidos, foi o estopim da escalada de violência no mundo muçulmano contra embaixadas ocidentais. A representação diplomática alemã na capital do Sudão foi parcialmente incendiada na sexta-feira passada, depois que milhares de radicais muçulmanos tentaram invadir o edifício.

A imprensa de Berlim repercutiu a informação de que há dias os imames sudaneses tinham aquecido os ânimos, com o argumento de que na Alemanha se exibiam impunemente caricaturas de Maomé. As acusações dos imames remetem à provocadora campanha do Pro Deutschland, que durante semanas e em toda Alemanha exibiu os desenhos do dinamarquês Kurt Westergaard, cuja difusão em 2005 por jornais de toda Europa provocou revoltas no mundo muçulmano.

Filme anti-islamismo desencadeia protestos contra EUA

Na última terça-feira, 11 de setembro, protestos irromperam em frente às embaixadas americanas do Cairo, no Egito, e de Benghazi, na Líbia, motivados por um vídeo que zombava do islamismo e de Maomé, o profeta muçulmano. No primeiro caso, os manifestantes destroçaram a bandeira estadunidense; no segundo, os ataques chegaram ao interior da embaixada, durante os quais morreram, entre outros, o embaixador e representante de Washington, Cristopher Stevens.

Desde então, protestos e confrontos, que vêm sendo registrados diariamente no Cairo, disseminaram-se contra embaixadas americanas em diversos países da África e do Oriente Médio. Nesta sexta, 14 de setembro, já haviam sido registrados eventos em Túnis (Tunísia), Cartum (Sudão), Jerusalém (Israel), Amã (Jordânia)e Sanaa (Iêmen). Há fotos e relatos de protestos também na Índia e em Bangladesh. Somados, estes episódios já deixam algumas dezenas de mortos e feridos entre manifestantes, diplomatas e forças de segurança.

O vídeo que desencadeou esta onda de protestos no mesmo dia em que os Estados Unidos relembravam os atentados terroristas de 2001 traz trechos de Innocence of Muslims (A Inocência dos muçulmanos, em tradução livre), filme produzido nos Estados Unidos sob a suposta direção de Nakoula Basseky Nakoula. Ele seria um cristão copta egípcio residente nos Estados Unidos, mas sua verdadeira identidade e localização ainda são investigadas. O filme, de qualidades intelectual e cultural amplamente questionáveis, zomba abertamente do Islã e denigre de a imagem de Maomé, principal nome da tradição muçulmana.

A Casa Branca lamentou o conteúdo do material, afirmou não ter nenhuma relação com suas premissas e ordenou o reforço das embaixadas americanas.

EFE   
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