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Oriente Médio

Exército sírio retoma bombardeio de Homs durante a madrugada

13 fev 2012 - 08h12
(atualizado às 11h31)
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O ExércitoO regime sírio atacou mais uma vez nesta segunda-feira a cidade rebelde de Homs, devastada por bombardeios que já duram nove dias. O governo rejeitou o pedido da Liga Árabe de uma força de paz comum com a ONU, missão esta que a Rússia, aliada de Damasco, impõe condições.

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A comunidade internacional, dividida sobre a questão síria, já considera uma missão de paz em um país dilacerado pela violência: a União Europeia apóia a proposta, enquanto a Rússia acredita ser necessário primeiro um cessar-fogo.

Inflexível, o regime sírio recusa o conjunto de decisões da Liga Árabe e continua com sua ofensiva com a destruição de Homs, onde mais de 500 pessoas foram mortas.

A cidade apelidada de "a capital da revolução" não tem mais pão, já que a maioria das padarias está fechada, segundo os militantes, a Crescente Vermelha síria anunciou que distribuiria alimentos e medicamentos para milhares de pessoas.

Diante da crise, a Liga decidiu pedir ao Conselho de Segurança a formação de uma força conjunta e fornecer apoio político e material à oposição.

O chefe do Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão da oposição, Burhan Ghalioun, declarou ao canal Al-Jazeera ver nestas decisões "os primeiros passos" para a queda do regime.

Contudo, Damasco afirmou nesta segunda-feira que "estas e outras decisões não vão impedir que o governo assuma suas responsabilidades na proteção de seus cidadãos e de restabelecer a segurança e estabilidade", de acordo com uma autoridade citada pela agência oficial de notícias Sana, deixando a entender que a ofensiva continuará nas cidades "rebeldes".

Moscou, que tem um papel de peso na crise apoiando Assad, disse que estuda a proposta, mas acredita ser necessário um cessar-fogo antes de tudo, segundo o chefe da diplomacia, Serguei Lavrov. Pequim não quis se pronunciar sobre esta missão.

A UE apoia a criação da força de paz e Londres deseja "discutir de maneira urgente" com a Liga Árabe e seus parceiros internacionais esta proposição, informou o ministro das Relações Exteriores, William Hague.

A Liga decidiu no domingo "abrir canais de comunicação com a oposição síria e fornecer todas as formas de apoio político e material". Ela pediu que seus membros rompam com Damasco.

Enquanto isso, os bombardeios a Homs recomeçaram na manhã desta segunda-feira, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Na cidade de Rastane, na província de Homs (centro), três soldados do Exército morreram e seu veículo blindado foi destruído, após a tentativa frustrada de uma uma invasão da cidade. Além disso, "quatro mães de desertores" foram presas. No domingo, a violência custou a vida de mais de 30 pessoas, em sua maioria civis.

Árabes e ocidentais devem lançar ainda nesta semana uma nova tentativa para condenar Damasco, desta vez na Assembleia Geral da ONU, segundo diplomatas.

Diante da mobilização árabe e internacional, o vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Fayçal Mekdad, assegurou no domingo possuir provas de que "países vizinhos" respaldam "grupos terroristas armados".

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores - já organizados e dispondo de um exército composto por desertores das forças de Assad -, sem surtir efeito. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, o as forças de Assad investiram contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. A ONU estima que pelo menos 5 mil pessoas já tenham morrido na Síria.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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