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Oriente Médio

Exército sírio ataca reduto rebelde; Asad determinado a ficar no poder

19 mai 2013 - 11h55
(atualizado às 14h40)
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O exército sírio, apoiado pelo poderoso partido xiita libanês Hezbollah, entrou neste domingo no centro de Quseir, reduto dos rebeldes na província de Homs (centro), um dia depois do presidente Bashar al-Assad ter reafirmado que não pensa em abandonar o poder.

A oposição denunciou o ataque "brutal e destrutivo" da cidade de Quseir e advertiu que a ofensiva pode "tirar o sentido" da conferência de paz proposta por Washington e Moscou.

"O exército sírio controla a principal praça de Quseir no centro da cidade, assim como os edifícios próximos, incluindo o do governo municipal, onde os soldados hastearam uma bandeira síria", afirmou uma fonte militar.

"Se o exército conseguir tomar o controle de Quseir, toda a província de Homs cairá nas mãos do regime", afirmou Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), ONG que tem uma ampla rede de militantes, além de fontes médicas e militares.

O ataque terrestre teve início neste domingo, depois de uma série de ataques aéreos e disparos de morteiro que deixaram pelo menos 30 mortos, incluindo uma mulher e 16 rebeldes.

Pouco depois aconteceram confrontos violentos nos acessos de entrada da cidade, defendidos pelos rebeldes ante os tanques do exército e os combatentes do Hezbollah xiita.

Os combatentes do Hezbollah, aliado do regime de Bashar al-Assad, "desempenham um papel central na batalha", destacou Abdel Rahman.

Há várias semanas, o exército, com o Hezbollah e milicianos leais ao regime, tentam tomar Quseir, reduto rebelde do centro do país que resiste há mais de um ano. Várias localidades ao redor da cidade já foram retomadas pelas forças do governo.

Quseir é considerada uma cidade estratégica por ficar entre a capital e a costa mediterrânea. Além disso, fica perto da fronteira libanesa.

A Liga Árabe convocou uma reunião de urgência a pedido do opositor Conselho Nacional Sírio (CNS), que exige "o fim do massacre de Quseir".

O CNS, principal coalizão da oposição, denunciou o "bombardeio brutal e destrutivo" de Quseir, assim como as "tentativas de invadir e apagar a cidade e seus habitantes do mapa pelas forças do Hezbollah".

"Afirmamos aos países que trabalham para encontrar uma solução política ao conflito sírio que ignorar esta invasão provocará a perda de todo sentido de qualquer conferência e de qualquer esforço de paz", advertiu o CNS em um comunicado.

Para tentar resolver o conflito, a comunidade internacional tenta organizar, em junho em Genebra, uma conferência de paz que reúna as grandes potências, os países árabes, a oposição e o regime de Damasco.

A conferência deve estar baseada na declaração de Genebra assinada pelas grandes potências em junho de 2012 e que prevê o fim da violência, assim como um governo de transição, mas sem fazer referência ao destino de Assad, principal ponto de discórdia entre russos e americanos.

Moscou, grande aliado de Damasco e a quem fornece armas, defende a manutenção de Assad até a celebração de eleições, enquanto Washington reclamou em várias ocasiões a sua saída, algo que a oposição considera uma condição imprescindível para qualquer iniciativa de paz.

Mas em uma entrevista concedida à agência estatal de notícias argentina Télam e ao jornal Clarín, Bashar al-Assad insistiu na recusa a deixar o poder antes do fim de seu mandato em 2014 e deu a entender que será candidato no próximo ano.

"Renunciar seria fugir", declarou Assad, antes de destacar que "quem deve sair e quem deve permanecer será determinado pelo povo sírio nas eleições presidenciais de 2014".

No campo de batalha, o exército sírio também avança em outras frentes. Segundo o OSDH, as tropas do regime tomaram o controle de Halfaya, na província de Hama.

A televisão estatal anunciou que os militares mataram "vários terroristas da Frente Al-Nosra em Halfaya" e destruíram armas.

Em Damasco, uma fonte militar disse que as tropas do regime avançavam no bairro norte de Barzeh.

Segundo o OSDH, 94.000 pessoas morreram no conflito, que começou em março de 2011 como uma revolta pacífica contra o regime, antes de virar uma guerra civil.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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