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Oriente Médio

Exército Livre da Síria pede retirada de observadores árabes

5 jan 2012 - 14h51
(atualizado às 16h06)
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O chefe do Exército Livre da Síria pediu nesta quinta-feira que a Liga Árabe retire a missão de observação do país por causa de seu fracasso em parar os quase dez meses de derramamento de sangue. O coronel Riyadh al-Assad fez esse pedido depois que a Liga Árabe se voltou para as Nações Unidas para pedir ajuda e admitiu erros na missão de monitoramento iniciada há menos de duas semanas.

"Esperamos que eles anunciem que a missão foi um fracasso e que vão se retirar", afirmou Assad, que se encontra na Turquia, em uma entrevista por telefone em Beirute. "Pedimos à Liga Árabe para abrir espaço e deixar as Nações Unidas assumirem a responsabilidade, já que têm maior capacidade de encontrar soluções", acrescentou.

Os ministros da Liga Árabe vão discutir a missão em um encontro domingo, no Egito. O coronel Assad disse que o grupo dele não quer que observadores voltem a Damasco depois dessa reunião. Os observadores estão na Síria desde o dia 26 de dezembro tentando avaliar a implantação, pelo regime do presidente Bashar al-Assad, de um acordo de paz com o objetivo de por fim a uma repressão brutal de protestos democráticos que começaram em março.

Enquanto isso, Jeffrey Feltman, secretário de estado assistente dos Estados Unidos para questões do Oriente Médio, conversa no Cairo com a Liga Árabe sobre a crise síria, diante da frustração sobre a violência implacável. O encontro aconteceu enquanto o regime de Assad, que acusa os Estados Unidos de "interferência grosseira" nas questões árabes, anunciar que libertou 552 pessoas detidas por envolvimento nos conflitos e que "não têm sangue nas mãos", aumentando para quase 4 mil o número de pessoas libertadas desde o começo de novembro.

Na quarta-feira, o primeiro-ministro do Qatar, o xeque Hamad bin Jassem al-Thani, que chefia a força-tarefa na Síria, discutiu a repressão mortal dos ataques com o líder da ONU, Ban Ki-moon, em Nova York, segundo a agência de notícias KUNA/i>. O xeque admitiu que houve erros na missão, mas não disse quais. "Não há dúvidas para mim. Eu posso ver que há erros, mas não fomos lá para acabar com as mortes, mas para monitorar".

O premiê cataraiano disse que é trabalho de Assad acabar com as mortes, que aumentaram nesta quinta-feira, quando pelo menos cinco civis foram mortos pelas forças de segurança. Segundo os Comitês de Coordenação Locais, que organizam protestos pelo menos 390 pessoas morreram desde que os observadores começaram a missão. "Precisamos da experiência da ONU e decidir como avaliar se eles (os observadores) vão voltar e como vão trabalhar", disse o xeque Hamad. A França pediu à Liga Árabe para fortalecer a missão com ajuda da ONU.

A Casa Branca, no entanto, diz que a hora do Conselho de Segurança agir passou, já que os "franco-atiradores, a tortura e os assassinatos" continuaram acontecendo na Síria e as condições do regime tem sido desonrosas. Damasco alega que a violência no país foi instigada por "grupos terroristas armados", que recebem ajuda externa. A oposição, contudo, insiste que a revolta começou com protestos pacíficos inspirados no mundo árabe, mas que a repressão brutal, levou à deserções no exército e à formação do Exército Livre da Síria (FSA, na sigla em inglês).

Um vídeo postado na quarta-feira no YouTube mostra, supostamente, um grupo de combatentes do FSA na cidade de Homs, com observadores árabes com bonés e roupas florescentes. "Estamos em Homs com alguns dos membros do Exército (...) para mostrar ao membros da missão de observação árabe que não há grupos armados; eles são oficiais que desertaram do regime de Bashar al-Assad", diz um participante do vídeo.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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