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Oriente Médio

Ex-refém belga diz ter sido torturado por rebeldes sírios

Pierre Piccinin foi sequestrado no dia 8 de abril e libertado no domingo junto ao jornalista italiano Domenico Quirico

9 set 2013 - 10h10
(atualizado às 10h31)
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Pierre Piccinin (esq.) desembarca na Itália após a libertação
Pierre Piccinin (esq.) desembarca na Itália após a libertação
Foto: AFP

Torturas, humilhações e simulações de fuzilamento formaram parte da rotina diária do professor belga Pierre Piccinin, segundo o relato que fez dos cinco meses em que esteve sequestrado pelos rebeldes sírios.

"Fisicamente estou bem, apesar das torturas que sofremos", declarou Piccinin nesta segunda-feira à rádio Belga RTL.

Piccinin foi sequestrado no dia 8 de abril e foi libertado no domingo junto ao jornalista italiano Domenico Quirico.

Foi "uma odisseia aterrorizante através da Síria" durante a qual "sofremos episódios de violência física muito duros", disse Piccinin, afirmando que estiveram nas mãos de vários grupos rebeldes.

Sofremos "humilhações, intimidações, falsas execuções. Domenico sofreu duas falsas execuções com um revólver", acrescentou o ex-refém belga.

Pierre Piccinin e Domenico Quirico entraram na Síria através do Líbano no dia 6 de abril.

"Dois dias depois estávamos em Qousseir (centro), onde o Exército Sírio Livre (ESL) nos deteve e depois nos entregou à brigada de Abu Ammar, um chefe de guerra", contou Piccinini.

"Esta gente está meio louca. São mais bandidos que islamitas, mais ou menos subordinados ao movimento Al-Faruk, um dos principais grupos de rebeldes, que nos últimos tempos se dividiu", disse Piccinin ao jornal belga Le Soir.

Guerra civil em fotos
AFP

O Terra compilou alguns dos principais materiais fotográficos disponibilizados ao longo destes mais de dois anos de guerra na Síria. Cada imagem leva a uma galeria que conta um episódio específico ou remete a uma situação importante do conflito.

"Nos transferiam de local constantemente. Estivemos em vários lugares e nas mãos de grupos diferentes, alguns deles muito violentos, muito antiocidentais e islamitas anticristãos", acrescentou Piccinin.

"Em duas ocasiões tentamos escapar. Uma vez, aproveitando o momento da operação nos amparamos de duas kalashnikovs" e fugimos, disse.

"Durante dois dias ficamos errantes pelo campo até que nos capturaram novamente e fomos duramente castigados", contou Piccinin, um professor de história de Philippeville, no sul da Bélgica.

A rebelião síria sofreu uma mudança muito importante nos últimos sete ou oito meses, disse Piccinin. "Há uma onda islamita e alguns grupos que praticam o banditismo, que praticam a extorsão nas zonas que controlam", analisou.

"Penso que se tornou muito perigoso para os ocidentais ir à Síria nas condições atuais", acrescentou. A "revolução está em plena degradação e girando em direção a outra coisa", sustentou o ex-refém belga, que no momento do sequestro realizava sua sétima viagem à Síria.

O jornalista Domenico Quirico é recebido pela chanceler italiana
O jornalista Domenico Quirico é recebido pela chanceler italiana
Foto: AP

No passado, Pierre Piccinin, que foi sequestrado por um breve período em 2012, havia expressado opiniões sobre o conflito parecidas com as do governo sírio.

Em Roma, Domenico Quirico, enviado especial do jornal La Stampa, deveria prestar depoimento à justiça.

Quirico, 62 anos, disse que durante cinco meses parecia estar no planeta Marte.

"Vivi durante cinco meses como se estivesse em Marte: não me trataram bem e tive medo", disse Quirico a alguns de seus colegas.

Segundo o jornal La Stampa, os sequestradores "pertencem à galáxia dos insurgentes, uma selva de siglas, movimentos e bandidos que se aproveitam da guerra na qual é difícil se situar".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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