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Oriente Médio

EUA acusam a Síria de usar armas químicas; Damasco nega

14 jun 2013 - 10h04
(atualizado às 10h14)
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Os Estados Unidos acusaram pela primeira vez o regime sírio de recorrer a armas químicas contra os rebeldes, a quem prometeu uma ajuda militar.

O regime sírio classificou de mentiras as acusações de Washington e afirmou que estão "baseadas em informações fabricadas" para tentar "fazer o governo sírio assumir a responsabilidade pelo uso" de armas químicas.

A Rússia, aliada do regime de Bashar al-Assad, também considerou as acusações americanas pouco convincentes e criticou a decisão de aumentar a ajuda aos insurgentes pouco favorável para a paz.

O regime sírio já havia acusado em março os rebeldes de recorrerem a armas químicas na região de Aleppo (norte) e rejeitou uma investigação da ONU sobre armas químicas no conjunto do território sírio.

O conselheiro-adjunto de segurança nacional do presidente Barack Obama afirmou na quinta-feira que os serviços de inteligência americanos chegaram à conclusão de que o regime de Assad "utilizou armas químicas, entre elas gás sarin, em pequena escala, contra a oposição em múltiplas ocasiões durante o ano".

Segundo o governo americano, entre 100 e 150 pessoas, no mínimo, faleceram em ataques com armas químicas, disse o conselheiro-adjunto em um comunicado.

"O presidente disse claramente que o uso de armas químicas, ou a transferência de armas químicas a grupos terroristas, é uma linha vermelha pra os Estados Unidos", explicou o conselheiro Ben Rhodes. "O presidente afirmou que o recurso a armas químicas muda sua equação, e é o caso".

Acrescentou que a Casa Branca ainda não tomou uma decisão sobre a imposição eventual de uma zona de exclusão aérea, exigida pela oposição para enfrentar a poderosa força aérea de Assad.

Mas, segundo o Wall Street Journal, os responsáveis militares americanos propuseram implementar uma pequena zona de exclusão aérea, que cobriria os campos de treinamento dos insurgentes.

A zona avançaria 40 km em direção ao interior da Síria e seria, de fato, vigiada por aviões artilhados com mísseis terra-ar.

Especialistas militares advertem há tempos que uma zona de exclusão aérea poderia requerer por parte de aviões ocidentais a destruição das relativamente boas defesas da Síria.

Mas, de acordo com o Journal, os autores do plano americano acreditam que esta zona de exclusão pode vir a ser imposta num prazo de um mês sem ter de destruir as baterias antiaéreas sírias.

Essa decisão pode, inclusive, ser tomada sem uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas porque os aviões americanos não entrariam regularmente no espaço aéreo sírio, e os militares americanos não interfeririam no território do país.

O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, pediu nesta sexta-feira às autoridades sírias que permitam que a ONU investigue as acusações de uso de armas químicas.

"Apela para que o regime sírio deixe a ONU investigar o uso de armas químicas", afirmou Rasmussen em sua conta do Twitter, classificando de totalmente inaceitável o recurso a este tipo de armas.

Mas o conselheiro diplomático do Kremlin, Yuri Ushakov, considerou que as acusações dos Estados Unidos "não são convincentes".

"Diremos claramente: o que os americanos apresentaram não nos parece convincente", disse, acrescentando que a decisão americana de aumentar a ajuda aos rebeldes complicará os esforços de paz, referindo-se à conferência internacional sobre a Síria que Moscou e Washington tentam organizar há várias semanas.

A União Europeia afirmou que as novas acusações "tornam mais necessária a mobilização de uma missão de verificação das Nações Unidas na Síria", disse uma porta-voz de Catherine Ashton, a chefe da diplomacia europeia.

Desde o início do conflito sírio, em março de 2011, mais de 93.000 pessoas perderam a vida, afirmou a ONU ao publicar na quinta-feira seu último balanço, um número similar ao do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH). Entre os falecidos, há ao menos 6.500 crianças.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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