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Oriente Médio

Estado Islâmico sofre grandes derrotas na Síria e no Iraque

Curdos controlam "totalmente" Kobane, símbolo da resistência contra o EI desde a ofensiva lançada pelos jihadistas, em 16 de setembro

26 jan 2015 - 21h15
(atualizado em 27/1/2015 às 08h08)
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Curdos comemoram retomada de cidade de Kobane
Curdos comemoram retomada de cidade de Kobane
Foto: Rodi Said / Reuters

Um ambiente de alegria reinava nesta segunda em várias zonas curdas da Síria, depois que seus combatentes conseguiram expulsar os jihadistas do Estado Islâmico (EI) da cidade de Kobane, após mais de quatro meses de combates, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Em nota, o Comando Central dos Estados Unidos (CentCom) confirmou que as forças curdas conseguiram retomar o controle de cerca de 90% da cidade.

"A guerra contra o grupo Estado Islâmico (EI) está longe de terminar, mas seu fracasso em Kobane priva o EI de um de seus objetivos estratégicos", declarou o comunicado.

Esta derrota - boa parte dela sofrida pelo EI na Síria - foi anunciada no mesmo dia em que Bagdá comunicou a libertação da província de Dijalah, no leste do Iraque, até então em mãos do grupo extremista.

"Kobane libertada, felicitações à humanidade, ao Curdistão e ao povo de Kobane", escreveu em sua conta no Twitter o porta-voz da milícia curda Unidades de Proteção do Povo (YPG), Polat Can.

O OSDH afirmou que os curdos controlam "totalmente" Kobane, símbolo da resistência contra o EI desde a ofensiva lançada pelos jihadistas, em 16 de setembro, para conquistar a cidade.

A milícia curda das YPG "expulsou todos os combatentes do EI", disse a ONG, com sede em Londres, com base em sua ampla rede de informações na Síria.

"Já não há combates na cidade, e os jihadistas recuaram nos arredores de Kobane", relatou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

"Os curdos continuam perseguindo combatentes escondidos no extremo leste da cidade, em particular, no bairro de Maqtala", completou.

A notícia da vitória em Kobane chega depois de mais de quatro meses de luta feroz entre os jihadistas e os combatentes curdos, que receberam apoio aéreo da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos.

Desde o início dos ataques, mais de 1.800 pessoas morreram, entre elas mais de mil jihadistas, segundo o OSDH.

Mustafa Edbi, um militante curdo de Kobane, contou à AFP que os combates "cessaram" e que as forças curdas avançavam "com prudência por Maqtala, por medo das minas e dos carros-bomba".

"A gente viu como combatentes do EI fugiam de Maqtala, não opuseram qualquer resistência", acrescentou.

O grupo radical Estado Islâmico havia tomado cidade síria há meses
O grupo radical Estado Islâmico havia tomado cidade síria há meses
Foto: Murad Sezer / Reuters

Segundo os analistas, trata-se da derrota mais importante do EI na Síria depois de sua aparição no conflito, em 2013. Este fracasso supõe um freio em sua expansão territorial.

"É um duro golpe para o grupo EI e seus projetos" de expansão, comentou, de Washington, o especialista em temas curdos Mutlu Civiroglu, ressaltando que, "apesar de todas as suas armas sofisticadas e de seus combatentes, não conseguiram tomar a cidade".

Em um primeiro momento pouco equipadas, as forças curdas se beneficiaram do apoio crucial dos bombardeios que a coalizão internacional encabeçada por Washington lança contra posições dos jihadistas desde 23 de setembro.

Entre domingo e segunda-feira, houve 17 bombardeios contra membros do EI, segundo autoridades da coalizão. O grupo ainda manteria controle, porém, sobre dezenas de povoados ao redor de Kobane.

As forças iraquianas também libertaram Dijalah das mãos do EI, retomando o controle de todas as áreas povoadas dessa província do leste do Iraque, conforme relatou um oficial do exército nesta segunda-feira.

"Anunciamos a libertação de Dijalah", informou o general Abdulamir al Zaidi.

"As forças iraquianas controlam completamente todas as cidades, distritos e subdistritos da província de Dijalah", acrescentou.

A coalizão internacional considera ter detido o avanço do EI no Iraque graças a seus bombardeios aéreos, mas os jihadistas conservam no momento a maioria de suas posições, entre elas Mossul, a segunda cidade do país.

Em entrevista a uma revista americana, o presidente sírio, Bashar al-Assad, denunciou o plano dos Estados Unidos de treinar rebeldes sírios considerados moderados para combater o EI, o que considera um absurdo.

Veja navio de onde partem ataques contra o 'Estado Islâmico':

Para ele, esses terroristas - como Assad se refere aos rebeldes - são uma força ilegal, que será tratada por seu Exército como insurgentes.

Washington, que apoia a oposição síria, quer formar mais de cinco mil rebeldes sírios no Catar, Arábia Saudita e Turquia para que possam enfrentar o EI.

O grupo extremista não emitiu comentários sobre as recentes derrotas, mas postou uma gravação de áudio on-line, ordenando a realização de novos ataques contra os países ocidentais. Além disso, elogiou os atentados executados pelos jihadistas, como os ocorridos recentemente na França.

"Pedimos aos muçulmanos da Europa e do Ocidente infiel que ataquem em todos os lugares (...) nós prometemos aos cristãos que eles continuarão vivendo em estado de alerta, de terror, de medo e de insegurança (...) Vocês ainda não viram nada", afirmou Mohammad al-Adnani, porta-voz do EI na mensagem de áudio.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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