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Oriente Médio

Estado Islâmico assume o controle da cidade histórica síria de Palmira

21 mai 2015 - 17h30
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O grupo Estado Islâmico (EI) assumiu nesta quinta-feira o controle total da cidade histórica de Palmira, no deserto sírio, após conquistar Ramadi, no Iraque, duas vitórias significativas que permite ao grupo expandir sua zona de influência dos dois lados da fronteira.

Com a tomada do oásis de Palmira perto da fronteira com o Iraque, o EI controla mais de 95.000 km2 na Síria, o que representa 50% do território do país, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

A Unesco alertou para o risco de destruição desta cidade histórica de 2.000 anos, famosa por suas colunas romanas, templos e torres funerárias, que são consideradas patrimônio da humanidade.

Apesar de uma campanha aérea lançada desde o verão de 2014 pela coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos para ajudar o governo do Iraque e os rebeldes na Síria a parar a progressão do EI, o grupo jihadista conseguiu duas importantes conquistas em oito dias.

Contudo, evocando a perda de Ramadi, a capital da província iraquiana de Al-Anbar, o presidente americano Barack Obama garantiu que os Estados Unidos não estão perdendo a luta contra o EI, lembrando que a campanha contra os jihadistas levará "vários anos".

"Os combatentes do EI estão em todos os lados de Tadmor (nome árabe de Palmira) e perto do sítio arqueológico", ao sudoeste da cidade, afirmou à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH.

O regime admitiu a derrota por meio da agência oficial Sana, ao afirmar que as tropas leais a Damasco "se retiraram depois da entrada de um grande número de terroristas do EI" na cidade.

Também nesta quinta, o OSDH anunciou que os jihadistas se apoderaram do último posto fronteiriço entre o Iraque e a Síria que estava nas mãos das forças governamentais.

"Combatentes do se apoderaram do ponto de passagem de Al Tanaf, na fronteira com o Iraque", depois que "as forças do regime se retiraram", acrescentou o OSDH.

"O regime já não tem nenhum tipo de controle na fronteira com o Iraque", afirmou a fonte.

Após oito dias de combates, o EI reivindicou no Twitter a captura total da cidade e anunciou que as forças do regime "fugiram, deixando para trás um grande número de mortos em suas fileiras".

De acordo com o OSDH, as tropas do governo sírio abandonaram as posições dentro e na periferia da cidade. Os militares deixaram toda a Badiya (deserto sírio), o aeroporto militar e a prisão, onde os jihadistas entraram durante a noite.

Recorrendo novamente à barbárie, os combatentes do EI executaram ao menos 17 pessoas, incluindo civis e militares pró-regime, poucas horas após a conquista de Palmira, segundo a mesma fonte.

Um ativista de Palmira, contactado via Facebook, afirmou que os jihadistas revistam as casas à procura de pessoas leais ao regime de Bashar al-Assad e impedem os habitantes de sair.

"Palmira é um extraordinário patrimônio da humanidade no deserto e qualquer destruição ocorrida em Palmira seria não apenas um crime de guerra, mas também uma enorme perda para a humanidade", disse Irina Bokova, diretora da Unesco, em um vídeo publicado pela organização.

Antes da crise iniciada em 2011, as ruínas de Palmira, o mais belo sítio arqueológico da Síria, recebiam 150.000 turistas por ano.

O presidente francês François Hollande lançou um apelo contra "o perigo para os monumentos inscritos no patrimônio da humanidade" e contra o EI.

Desde o início da ofensiva em 13 de maio, a batalha de Palmira provocou 462 mortes, segundo o OSDH: 71 civis (muitos executados pelo EI), 241 soldados sírios e 150 jihadistas.

Além de controlar metade do país, o grupo jihadista se apoderou de praticamente todos os campos de petróleo e gás na Síria, depois de entrar nas duas instalações de gás da região de Palmira.

O governo conta agora apenas com o campo de Shaer, na província de Homs, enquanto as forças curdas controlam os campos do nordeste.

O EI já controla a maior parte das províncias de Deir Ezzor e Raqa (norte), além de contar com uma forte presença em Hasake (nordeste), Aleppo (norte), Homs e Hama (centro).

A cidade de Palmira é estratégica para o EI porque está situada no grande deserto sírio, na fronteira com a província iraquiana de Al-Anba, que os jihadistas controlam em grande parte.

Nesta quinta-feira, as forças iraquianas apoiadas pelas milícias xiitas se preparavam para iniciar uma contraofensiva para recuperar Ramadi, capital desta província do Iraque que está sob controle do EI desde 17 de maio.

O governo dos Estados Unidos reconheceu que está avaliando novamente sua estratégia no Iraque após a tomada de Ramadi, a vitória mais importante do EI desde a ofensiva de junho de 2014, quando o grupo jihadista passou a controlar grandes áreas de território no Iraque e na Síria.

Por sua vez, o primeiro-ministro iraquiano Haider al-Abadi, em visita a Moscou, declarou que a Rússia deve envolver-se mais na guerra contra o EI.

O terrorismo "evolui e assume novas formas. Tudo isto requer maior atenção por parte da Rússia e estamos ansiosos para intensificar a nossa cooperação" com Moscou, disse Abadi, citado pela agência de notícias russa Interfax.

A este respeito, o chanceler russo Serguei Lavrov afirmou que seu país está pronto para responder a todas as demandas de fornecimento de armas à Bagdá.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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