Espanha e Grã-Bretanha cogitam levar conflito de Gibraltar a fóruns internacionais
Espanha e Grã-Bretanha anunciaram nesta sexta-feira que estão examinando a possibilidade de levar a disputa sobre Gibraltar a fóruns internacionais para obter uma solução.
O ministério de Assuntos Exteriores da Espanha afirmou nesta segunda-feira que os controles do país na fronteira com Gibraltar são "irrenunciáveis".
"As medidas, nossos controles são legais e irrenunciáveis", afirma uma nota do ministério espanhol, depois que Londres anunciou que está estudando ações legais contra a Espanha.
A chancelaria espanhola insistiu que são "controles proporcionais quanto a Schengen" e que "estamos obrigados por Schengen a fazê-los".
A Grã-Bretanha, e portanto Gibraltar, não pertencem ao espaço Schengen, integrado por 26 países europeus que suprimiram as fronteiras.
Um porta-voz do primeiro-ministro britânico afirmou que David Cameron "está decepcionado com o fato de a Espanha não ter eliminado os controles adicionais no fim de semana".
Londres considera que os controles, que provocaram longas filas em momentos pontuais do fim de semana, "têm motivos políticos e são totalmente desproporcionais".
"Agora estamos estudando quais vias legais temos", destacou o porta-voz.
Seria "um passo sem precedentes que queremos examinar cuidadosamente antes de tomar a decisão" de levar adiante as ações legais, concluiu.
Madri, no entanto, considera que o fato de integrar o espaço Schengen a obriga a realizar os controles, que pretendem principalmente evitar o contrabando.
A tensão diplomática sobre Gibraltar aumentou no fim de julho, quando o governo local construiu um recife artificial formado por blocos de cimento, o que a Espanha denuncia como uma destruição de uma área de pesca.
Pouco depois, os controles da polícia espanhola na fronteira se intensificaram.
Navios de guerra zarpam a partir desta segunda-feira da Inglaterra para manobras no Mediterrâneo, previstas há muito tempo, segundo Londres, mas que coincidem com o aumento de tensão entre Espanha e Grã-Bretanha por Gibraltar, onde uma pequena fragata fará escala.
A fragata HMS Westminster zarpará na terça-feira e chegará às águas do pequeno território britânico ao sul da Península Ibérica durante a semana, segundo o ministério britânico da Defesa.
Este navio de guerra participará ao lado de outros três nos exercícios "Cougar 13" previstos no Mediterrâneo e no Golfo.
"Esta é uma mobilização de rotina prevista há muito tempo", afirmou o ministro britânico da Defesa, Philip Hammond.
Mas as manobras acontecem depois que a tensão entre Londres e Madri sobre Gibraltar, um enclave de sete quilômetros quadrados cedido a Grã-Bretanha em 1713 e no qual vivem 30.000 pessoas, ressurgiu em julho a respeito do direito de pesca nas águas próximas.
O governo espanhol também estuda uma medida para impor uma taxa de 50 euros para entrar ou sair de Gibraltar que, segundo o ministro de Assuntos Exteriores José Manuel García-Margallo, tem como objetivo ajudar os pescadores locais afetados.
A Espanha também está avaliando a possibilidade de levar o caso de Gibraltar a instâncias internacionais como a ONU ou a Corte Internacional de Haia, segundo o chanceler do país.
Ao mesmo tempo, García-Margallo afirmou que nenhuma decisão foi tomada.
O ministro também afirmou que considera a possibilidade de criar uma frente com a Argentina, que reivindica a soberania sobre as ilhas Malvinas no Atlântico Sul, para comparecer a organismos internacionais como a ONU.