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Oriente Médio

Erdogan reúne multidão em Istambul e diz que era preciso 'limpar' a Praça Taksim

16 jun 2013 - 15h13
(atualizado às 15h22)
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O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, reuniu neste domingo mais de 100.000 partidários em Istambul, após uma noite de violentos confrontos, e declarou que "limpar" a Praça Taksim era seu dever.

Desalojados no sábado à noite do Parque Gezi com gás lacrimogêneo e jatos d'água, os manifestantes resistiram neste domingo na Praça Taksim, berço do movimento que agita a rua turca há mais de duas semanas.

Eles voltaram a entrar em confronto com policiais nas ruas próximas à Praça Taksim.

Pela primeira vez desde o início da crise, unidades da guarda turca reforçaram o esquema policial, bloqueando principalmente os acessos ao lado europeu do Bósforo para impedir a passagem de manifestantes vindos da parte asiática.

Enquanto isso, dois dos principais sindicatos turcos anunciaram uma greve geral a partir de segunda-feira em toda a Turquia para denunciar a violência policial contra os manifestantes, declarou à AFP o porta-voz do sindicato KESK.

O chefe de governo fez uma nova demonstração de força diante de mais de 100.000 simpatizantes de seu Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP).

"Eu disse que nós tínhamos chegado ao fim. Tinha ficado insuportável. Ontem, a operação foi realizada e (a Praça Taksim e o Parque Gezi) foram limpas (...) Era meu dever de primeiro-ministro", afirmou Erdogan.

"Não deixaremos essa praça com terroristas", afirmou, referindo-se aos movimentos políticos clandestinos envolvidos nas manifestações na Praça Taksim.

"Este país não é uma terra comum. Você não pode organizar um protesto onde quiser. Você pode fazer isso onde for autorizado", ressaltou o chefe de governo, lembrando que o Parque Gezi e a Praça Taksim não são "propriedade privada" dos manifestantes.

Em Ancara, a polícia também enfrentava centenas de manifestantes que foram dispersados com muito gás lacrimogêneo.

Na noite de sábado, Erdogan passou para a ação com o objetivo de acabar com o movimento de contestação após a rejeição dos ocupantes do Parque Gezi em deixar seu reduto, apesar da promessa do governo de suspender seus projetos de remodelação até que a justiça tome uma decisão definitiva..

Segundo a coordenação dos manifestantes, batizada Solidariedade Taksim, centenas de pessoas ficaram feridas durante a operação. O governador de Istambul, Huseyin Avni Mutlu, indicou neste domingo 44 feridos.

O vice-primeiro-ministro, Huseyin Celik, justificou a evacuação do parque. "O governo não podia deixar esta ocupação continuar eternamente", disse Celik neste domingo.

"Esse pesadelo tinha que acabar", completou.

Em Ancara e Izmir (oeste), milhares de manifestantes também se reuniram durante a noite para denunciar a intervenção da Polícia, mas não houve incidentes.

No início da onda de contestação, em 31 de maio, a Polícia agiu com violência para dispersar militantes ambientalistas que protestavam contra a destruição anunciada do Parque Gezi e de seus 600 plátanos.

A ira provocada por essa operação suscitou a maior revolta contra o governo islâmico conservador desde a sua chegada ao poder em 2002.

Nas maiores cidades do país, dezenas de milhares de manifestantes exigem a renúncia de Erdogan, acusado de autoritarismo e de querer "islamizar" a sociedade turca. Parte da juventude turca critica, principalmente, os projetos de leis sobre as limitações ao direito ao aborto e a utilização de pílulas do dia seguinte, assim como a proibição da venda de álcool após as 22h00.

De acordo com o último registro do sindicato dos médicos turcos, quatro pessoas morreram e cerca de 7.000 ficaram feridas desde o início da contestação, em 31 de maio.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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