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Oriente Médio

Equipe de paz da ONU deve chegar à Síria em 48 horas

3 abr 2012 - 08h30
(atualizado às 08h58)
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Uma equipe das Nações Unidas viajará à Síria nas próximas 48 horas para preparar um plano de mobilização de observadores, anunciou, em Genebra, o porta-voz de Kofi Annan, emissário especial da ONU e da Liga Árabe. O porta-voz não informou quando os observadores serão retirados. "Necessitamos de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU e de um cessar da violência antes da mobilização", explicou.

Enquanto isso, violentos combates prosseguiam na Síria, onde o exército tenta retomar o controle dos redutos rebeldes, apesar do pedido da ONU para que as tropas fossem retiradas das cidades antes de 10 de abril. Annan afirmou na segunda-feira ao Conselho de Segurança da ONU que Damasco havia aceitado a data limite de 10 de abril, um anúncio recebido com ceticismo pelos EUA.

Um pouco mais cedo, a Rússia, fiel ao regime sírio de Bashar al-Assad, rejeitou qualquer prazo para aplicar o plano de Annan, solicitado no domingo em Istambul pelos "Amigos da Síria". Annan, que dirigiu o Conselho através de videoconferência de Genebra, disse que o governo de Damasco aceitou começar a aplicar o plano no dia 10 de abril e que respeitará um cessar-fogo dentro de 48 horas depois desse prazo, disseram fontes diplomáticas.

O emissário pediu aos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU que apoiem a data limite. Annan também disse que o Conselho de Segurança deve começar a considerar a possibilidade de mobilizar uma missão de observadores para monitorar os acontecimentos na Síria, onde mais de 10 mil pessoas morreram desde o começo do conflito há um ano, segundo dados da ONU.

O plano de Annan defende o fim da violência por todas as partes, sob a supervisão da ONU, o fornecimento de ajuda humanitária às regiões afetadas pelos combates e a libertação das pessoas detidas arbitrariamente.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores, sem surtir grandes efeitos. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, as forças de Assad iniciaram uma investida contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. De acordo com cálculos de grupos opositores e das Nações Unidas, pelo menos 9 mil pessoas já morreram desde o início da crise Síria.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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