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Oriente Médio

Equipe da ONU diz que maioria dos rebeldes sírios não busca democracia

29 mai 2013 - 20h43
(atualizado às 21h00)
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A maioria dos rebeldes sírios não quer a democracia, e a guerra civil no país árabe está produzindo atrocidades cada vez maiores e uma crescente radicalização, disseram investigadores da Organização das Nações Unidas (ONU).

Falando a jornalistas em Paris, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro disse que sua equipe de investigadores documentou crimes terríveis cometidos por ambos os lados, mas principalmente pelas forças do presidente sírio, Bashar al-Assad.

"Já foi falado que os rebeldes eram anjos, mas há apenas uma minoria de combatentes com uma história democrática que acredita no mosaico sírio e quer um Estado para todos", afirmou.

"A maioria dos rebeldes está muito distante de ter pensamentos democráticos e tem outras aspirações."

O Conselho de Segurança da ONU está prestes a qualificar a Frente Islâmica Al Nusra, um dos mais ativos grupos da guerra civil síria, como sendo uma fachada da Al Qaeda do Iraque. Combatentes estrangeiros, muitos deles da Líbia, Tunísia, Arábia Saudita, Líbano, Iraque e Egito, também vêm radicalizando os rebeldes.

A faceta islâmica do conflito sírio representa um dilema para potências ocidentais e seus aliados árabes, que desejam a derrubada de Assad, mas veem com alarme o crescente poder dos militantes sunitas, cuja ideologia anti-xiita tem alimentado as tensões sectárias no Oriente Médio.

Alguns governos ocidentais estão ajudando rebeldes não-islâmicos com assistência não-letal, e na segunda-feira a União Europeia suspendeu na prática seu embargo armamentista à Síria, o que poderá levar ao fornecimento de armas para os rebeldes.

Pinheiro não quis comentar essa decisão, mas sugeriu que será muito difícil para o Ocidente distinguir grupos que sejam consideráveis aceitáveis.

"Há uma distinção muito complicada entre os rebeldes ruins e os bons", afirmou ele.

O especialista brasileiro em direitos humanos comanda uma equipe com mais de 20 investigadores que têm mandato da ONU para documentar crimes cometidos durante o conflito, que já matou estimadas 80 mil pessoas em dois anos.

O próximo relatório do grupo será divulgado em 4 de junho, com base em entrevistas feitas desde dezembro fora da Síria com vítimas e testemunhas. Os investigadores foram proibidos de entrar na Síria.

"O relatório é assustador em termos de uma combinação de secularização, radicalização e uma escalada de violações dos direitos humanos e das leis da guerra", disse ele.

Tanto as forças governamentais como os rebeldes armados estão cometendo crimes de guerra, incluindo assassinatos e torturas, espalhando terror entre os civis.

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