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Distúrbios no Mundo Árabe

Enviado alerta para 'níveis de horror sem precedentes' na Síria

29 jan 2013 - 23h22
(atualizado em 30/1/2013 às 07h00)
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O enviado pela paz da ONU à Síria, Lakhdar Brahimi, pediu nesta terça-feira que o Conselho de Segurança aja para pôr fim aos "níveis de horror sem precedentes" registrados na guerra civil desse país e afirmou que esta nação está sendo destroçada diante dos olhos da comunidade internacional.

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"O Conselho não pode simplesmente dizer: 'Estamos divididos, e vamos esperar um momento melhor', eles (os membros do Conselho) devem atacar o problema agora", declarou Brahimi à imprensa depois da reunião.

O emissário das Nações Unidas e da Liga Árabe na Síria, que apresentava um relatório de seus esforços ao Conselho de Segurança da ONU, constatou que não houve "progressos" pela paz. "Se tivéssemos exercido um pouco mais de pressão (sobre os protagonistas do conflito) talvez houvesse um pouco mais de progresso", considerou.

O conflito "alcançou níveis sem precedentes de horror. A tragédia não tem fim", afirmou Brahimi a respeito das informações de um novo e chocante massacre na cidade de Aleppo. Cerca de 80 corpos de jovens executados foram encontrados nesta terça-feira em Aleppo.

Na escola Yarmouk, para onde foram levados os cadáveres, Abou Seif, rebelde do Exército Sírio Livre (ESL), afirmou que 78 corpos tinham sido encontrados no rio Qouweiq e que ainda restavam por volta de trinta que o ESL não tinha conseguido retirar do local em razão da presença de atiradores emboscados.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) indicou "65 corpos não identificados encontrados em Boustane al-Kasr", bairro mantidos em poder dos rebeldes.

Os jovens "de cerca de 20 anos foram executados com um tiro na cabeça. Vestidos com roupas comuns, a maioria tinha as mãos atadas", acrescentou o OSDH, uma ONG com sede na Grã-Bretanha que baseia suas informações em uma ampla rede de militantes e médicos na Síria

O regime sírio acusou os islamitas radicais da Frente Al-Nusra de serem os autores das execuções, segundo a agência oficial Sana. "Grupos terroristas da Frente Al-Nusra efetuaram uma operação de execuções coletivas que custou a vida de dezenas de civis sequestrados e que tiveram seus corpos retirados do rio Qouweiq", indicou a agência.

O regime "jogou-os no rio para que chegassem à área sob nosso controle, para que as pessoas acreditassem que fomos nós que os matamos", afirmou Abou Seif.

Mas uma autoridade dos serviços de segurança afirmou à AFP que os corpos são de "cidadãos de Boustane al-Kasr que foram sequestrados por grupos terroristas depois de terem sido acusados de serem a favor do regime". O governo identifica os rebeldes como "terroristas".

"Suas famílias tentaram negociar (sua libertação) várias vezes com os grupos terroristas", disse, acrescentando: "Eles foram executados na noite de segunda para terça-feira e seus corpos foram jogados no rio". Rebeldes e regime trocam acusações por massacres, mas não é possível confirmar as informações por fontes independentes.

Em outras partes do país, os insurgentes avançaram em Deir Ezzor (leste), tomando um posto da inteligência política e de duas pontes sobre o rio Eufrates, na estrada utilizada pelo Exército para a passagem de provisões para a cidade de Hassaké, mais ao norte, indicou o OSDH.

"Se os rebeldes mantiverem seu avanço, eles conquistarão uma vitória estratégica porque a cidade é a chave de toda a província (de mesmo nome) que abriga os principais campos de petróleo e gás do país", afirmou à AFP o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

Os rebeldes controlavam também quase toda a prisão central de Idleb (noroeste), segundo a ONG. Uma fonte dos serviços de segurança confirmou que os soldados tinham se retirado na segunda-feira à noite da prisão e que os detentos foram transferidos para as sedes dos serviços de segurança na cidade.

Em Damasco, um deputado ficou gravemente feridos na explosão de uma bomba colocada em seu carro, de acordo com o OSDH. Segundo um registro provisório do OSDH, a violência deixou nesta terça 91 mortos: 38 civis, incluindo seis crianças, 30 soldados e 23 rebeldes.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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