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Oriente Médio

Dia de greve palestina é tenso em Jerusalém e na Cisjordânia

9 out 2009 - 13h55
(atualizado às 14h14)
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Uma "calma tensa" imperava em Jerusalém Oriental e Cisjordânia no início da tarde nesta sexta na jornada de greve geral convocada em ambos os territórios pela Autoridade Nacional Palestina (ANP).

Milhares de policiais israelenses impediram desde o início da manhã o acesso de jovens à oração das 12h na Esplanada das Mesquitas, terceiro lugar mais sagrado muçulmano e cuja defesa era o motivo do movimento de protesto.

Só as mulheres e os homens maiores de 50 anos puderam ter acesso à esplanada, onde a visita há duas semanas de um grupo de extremistas religiosos judeus, segundo fontes palestinas, e de turistas, segundo porta-vozes israelenses, desencadeou uma espiral de tensão que desembocou na convocação da greve.

O movimento de protesto, ao qual se tinham somado organizações extremistas islâmicas - que tinham declarado hoje "O Dia da Ira" -, foi seguido de maneira irregular na velha cidade, que acolhe a Esplanada das Mesquitas e onde algumas lojas fecharam, mas outras permaneceram abertas.

Os poucos transeuntes eram submetidos na região a um estreito controle por parte das forças de segurança israelenses, que permaneceram postadas em ruas e esquinas, cujo desdobramento incluiu contínuos sobrevoos de helicópteros sobre a área histórica da cidade.

Após a oração da sexta-feira nos templos muçulmanos, os únicos incidentes informados pelos meios de imprensa locais tinham sido alguns confrontos entre policiais israelenses e jovens palestinos no bairro de Ras al-Amud, na parte oriental da cidade.

Segundo a "Rádio Israel", 11 soldados israelenses teriam ficado feridos levemente nos choques pelo lançamento de pedras por parte dos manifestantes palestinos.

O dia coincidiu com o segundo dia de estadia do enviado americano para o Oriente Médio, George Mitchell, que ontem iniciou uma nova viagem pela região para tentar reativar o processo de negociação entre palestinos e israelenses.

Mitchell se reuniu esta manhã com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, embora após a reunião nenhuma das partes tenha feito declarações à imprensa.

O enviado americano manteve ontem um encontro com o presidente israelense, Shimon Peres, após o que expressou sua esperança em "um pronto reatamento do processo de paz".

Fontes diplomáticas americanas advertiram, no entanto, que não se espera que Mitchell - que amanhã se reunirá em Ramala com o presidente palestino, Mahmoud Abbas -, realize anúncios espetaculares como resultado de sua viagem.

Essas fontes disseram que Mitchell terá que realizar "mais viagens à região" antes que o reatamento do processo negociador se torne realidade.

À espera da reativação de negociação, israelenses e palestinos felicitaram o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, agraciado hoje com o Prêmio Nobel da Paz, e expressaram sua esperança que o reconhecimento contribua para trazer a paz ao Oriente Médio.

"São poucos os líderes que em tão pouco tempo conseguem mudar o estado de ânimo no mundo", disse Peres após saber da notícia, que ganhou o mesmo prêmio em 1994 pela negociação do posteriormente fracassado processo de Oslo.

Por sua parte, o ministro da Defesa e líder trabalhista, Ehud Barak, avaliou que o Nobel "fortalecerá a capacidade de Obama para trazer a paz à região".

Desde Ramala, o chefe negociador da ANP, Saeb Erekat, também felicitou Obama e manifestou que espera que "seja capaz de trazer a paz ao Oriente Médio, devolver a Israel as fronteiras de 1967 e criar um Estado palestino com capital em Jerusalém".

O otimismo de Erekat não foi compartilhado, no entanto, pelo movimento islamita Hamas, que controla Gaza e um de cujos porta-vozes assegurou que Obama "não merece o prêmio" por não ter garantido aos palestinos seus "direitos legítimos".

"Acreditamos que Obama tem que facilitar muitas coisas para os palestinos para se tornar credor deste prêmio, deve mudar sua atitude e ser justo com os palestinos", disse Fawzi Barhoum, porta-voz do movimento islamita.

Barhoum afirmou que "até agora nada mudou na política do presidente americano que o torne diferente de seus antecessores, e no terreno não aconteceu nada".

EFE   
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