PUBLICIDADE

Oriente Médio

Damasco se arma com mísseis russos, e oposição boicota conferência de Genebra

30 mai 2013 - 15h22
Compartilhar

As possibilidades de encontrar uma solução para o conflito na Síria se afastaram nesta quinta-feira com a confirmação do regime de que recebeu mísseis antiaéreos russos S-300 e com o anúncio da oposição de seu boicote à Conferência de Genebra II pelo envolvimento do Irã e o Hezbollah na guerra.

O presidente da Síria, Bashar al Assad, afirmou que uma primeira carga desses mísseis já chegou ao país e que "em breve o resto será recebido", em entrevista que será transmitida à noite pela rede de televisão libanesa "Al Manar" e cujos trechos foram antecipados pelo jornal "Al Akhbar".

Assad destacou que as forças governamentais, com o apoio do grupo xiita libanês Hezbollah, obtiveram importantes conquistas recentemente, o que, segundo sua opinião, "inclinou a balança no campo militar a favor das Forças Armadas".

"O exército sírio está batalhando contra grupos armados e continuará até a eliminação dos 'terroristas", afirmou o presidente, acrescentando que a "Síria e o Hezbollah estão do mesmo lado".

O governante advertiu Israel de que o exército sírio responderá a qualquer agressão em seu território, em alusão aos supostos bombardeios israelenses contra instalações militares no país árabe.

Na segunda-feira passada, o ministro da Defesa de Israel, Moshe Yaalon, ressaltou que seu país "saberá o que fazer" caso a Rússia concretize o envio desses mísseis à Síria, já que são "uma ameaça" para Israel.

O vice-ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Ryabkov, disse por sua vez nesta semana que esses mísseis antiaéreos são um fator de contenção contra uma possível ingerência externa no país árabe.

Para o analista militar Mohammed Qadri Said, consultado pela Agência Efe, o regime sírio pediu esse tipo de míssil para enfrentar as ações israelenses em seu espaço aéreo, assim como a possibilidade de que seja estabelecida uma zona de exclusão aérea dentro do país.

Said explicou que, no entanto, será preciso tempo para integrar esses mísseis ao sistema de defesa aérea sírio e também para formar as pessoas encarregadas de utilizá-los.

O analista lembrou que a Rússia apoia o regime sírio em troca da garantia da presença militar no Mediterrâneo, e disse que essa necessidade recíproca pode permitir que Assad se mantenha por mais tempo no poder.

De acordo com as declarações de Assad divulgadas hoje, o regime participará da Conferência de Genebra II, prevista para junho e proposta por Washington e Moscou para buscar uma saída política ao conflito.

Nesta conferência, que pretendia reunir na mesa de negociações o regime e a oposição, não estará presente a Coalizão Nacional Síria (CNFROS). A principal aliança opositora indicou que não irá a nenhuma conferência internacional devido à presença de combatentes do Irã e do Hezbollah no país, especialmente na ofensiva governamental contra a cidade de Al Qusair.

Em entrevista coletiva em Istambul, o líder da CNFROS, George Sabra, pediu à ONU e à Liga Árabe para que atuem imediatamente para deter os massacres no país.

Sabra pediu, além disso, à Cruz Vermelha Internacional e ao Crescente Vermelho para que vão a Al Qusair para retirar os 1.500 feridos que estão nessa cidade pela ofensiva do regime e seu aliado Hezbollah.

Um ativista da opositora rede Sham, identificado como Emar al Quseir, lamentou em entrevista à Efe que os hospitais da cidade sofrem "uma escassez grave" de remédios e balões de oxigênio, o que foi denunciado também pelo Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

EFE   
Compartilhar
Publicidade