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Oriente Médio

Cruz Vermelha diz que comboio de ajuda chegou a Homs, na Síria

2 mar 2012 - 12h07
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Um comboio da Cruz Vermelha com ajuda humanitária chegou à cidade síria de Homs e está prestes a entrar no destruído distrito de Baba Amro, informou à Reuters o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) nesta sexta-feira.

A ativista e jornalista iemenita Tawakkol Karman  discursa após receber o Prêmio Nobel da Paz por sua atuação nas revoltas contra o governo de seu país. Karman, que fundou a organização "Mulheres Jornalistas sem Correntes" em 2005, liderou manifestações contra o regime de Ali Abdullah Saleh
A ativista e jornalista iemenita Tawakkol Karman discursa após receber o Prêmio Nobel da Paz por sua atuação nas revoltas contra o governo de seu país. Karman, que fundou a organização "Mulheres Jornalistas sem Correntes" em 2005, liderou manifestações contra o regime de Ali Abdullah Saleh
Foto: AFP

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O governo sírio autorizou o comboio na quinta-feira, horas depois de os rebeldes deixarem Baba Amro, que passou 26 dias sob cerco. A expulsão das forças da oposição representa uma importante vitória simbólica para o presidente Bashar al-Assad, que há quase um ano reprime com violência o movimento popular pela sua renúncia.

"Estamos em Homs nos preparando para entrar em Baba Amro", afirmou a porta-voz chefe do CICV, Carla Haddad, em Genebra, na Suíça.

Mais cedo, o CICV afirmou que seu comboio de sete caminhões carregados com comida e outras produtos estava indo da capital Damasco para Homs, onde voluntários e ambulâncias do Crescente Vermelho aguardavam para entrar em conjunto no distrito.

O objetivo era começar a entregar ajuda vital e retirar doentes e feridos que precisam de atenção médica.

O Alto Comissariado de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) manifestou perplexidade com relatos sugerindo que antigas áreas rebeldes estariam sofrendo sangrentas represálias com a chegada das forças do governo.

"Embora não estejamos, a esta altura, em condições de confirmar qualquer desses relatos, gostaríamos de lembrar às autoridades das suas responsabilidades sob o direito internacional", disse o porta-voz Rupert Colville a jornalistas em Genebra.

"É essencial que não haja represálias ilegais, execuções sumárias, torturas ou detenções arbitrárias. E os direitos dos que estão detidos devem ser respeitados."

O Conselho Nacional Sírio, um grupo de oposição, disse que o Exército está cometendo um "massacre" no bairro. De acordo com relatos de ativistas, os militares estão perseguindo e matando insurgentes que permaneceram para dar cobertura ao "recuo tático" dos seus camaradas.

Na última semana, ambulâncias do Crescente Vermelho já retiraram cerca de 30 pessoas de Baba Amro, levando os feridos mais graves para hospitais de Homs.

O CICV disse não saber quantos doentes e feridos precisam de assistência no bairro. Essa agência independente é a única a manter pessoal humanitário na Síria, de onde a ONU foi expulsa.

Na quinta-feira, Rússia e China se somaram a outros países do Conselho de Segurança da ONU para manifestar "profunda frustração" com o veto da Síria à visita da chefe de ajuda humanitária da ONU, Valerie Amos.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores, sem surtir grandes efeitos. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, as forças de Assad iniciaram uma investida contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. Uma ONG ligada à oposição estima que pelo menos 7,6 mil pessoas já tenham morrido, número similar ao calculado pela ONU.

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