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Oriente Médio

Coreia do Norte ameaça Seul por manifestações contra o regime

16 abr 2013 - 16h52
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A Coreia do Norte ameaçou nesta terça-feira atacar a Coreia do Sul, sem aviso prévio, se Seul não pedir desculpas pelas manifestações recentes nas quais foram queimadas fotos dos líderes das três gerações da dinastia comunista que governa Pyongyang há mais de meio século.

Um comunicado do comando Supremo do Exército divulgado pela agência estatal norte-coreana de notícias adverte que as represálias "começarão sem advertência alguma a partir deste momento, enquanto prosseguirem em Seul os atos criminosos contra a dignidade dos líderes supremos".

A ameaça faz referência a uma manifestação de segunda-feira em Seul na qual os participantes queimaram retratos do fundador da Coreia do Norte, Kim Il-Sung, de seu filho, Kim Jong-Il, e de seu neto e atual líder, Kim Jong-Un, "atos monstruosos e três vezes malditos", segundo os norte-coreanos.

A manifestação coincidiu com a celebração na Coreia do Norte do 101º aniversário do nascimento de Kim Il-Sung.

A comunidade internacional temia o lançamento de um míssil por Pyongyang na segunda-feira para celebrar o aniversário do nascimento de seu fundador, o que finalmente não aconteceu.

O presidente Barack Obama minimizou a retórica do regime de Kim Jong-un ao afirmar que prevê mais provocações da Coreia do Norte, mas que espera que as tensões cedam passagem a uma solução diplomática, além ter colocado mais uma vez em dúvida que Pyongyang tenha capacidades balísticas nucleares.

"Trata-se de um comportamento ao qual antes recorreram tanto seu pai (Kim Jong-il) como seu avô (Kim Il-sung). Desde que sou presidente, tenho afirmado muito claramente que não premiaremos este tipo de comportamento provocador", afirmou.

O porta-voz do Ministério sul-coreano da Defesa, Kim Min-Seok, considerou "lamentável" o ultimato. A Coreia do Sul pretende aumentar em 217,4 bilhões de wons (quase 150 milhões de euros) o orçamento de Defesa, principalmente para criar novas instalações militares nas ilhas próximas à fronteira com o Norte.

Nesta terça-feira, um helicóptero militar dos Estados Unidos caiu perto da fronteira com a Coreia do Norte, sem deixar vítimas. O incidente, que ainda não teve as causas determinadas, ocorreu durante as manobras militares conjuntas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul.

Na segunda-feira, o secretário de Estado americano, John Kerry, em visita a Tóquio, afirmou que Washington "segue aberto a negociações honestas e confiáveis sobre a desnuclearização, mas a bola está no lado de Pyongyang".

Mas Coreia do Norte rejeitou o que chamou de diálogo "humilhante" com os Estados Unidos e declarou que só negociará se Washington abandonar sua política "hostil" e as ameaças nucleares.

"Não nos opomos ao diálogo, mas não podemos nos sentar frente a frente na humilhante mesa de negociações com um interlocutor que agita uma ameaça nuclear", indicou um porta-voz do ministério das Relações Exteriores em um comunicado enviado à agência de notícias oficial.

"Enquanto os Estados Unidos prosseguirem com sua política hostil e sua chantagem nuclear, só poderá existir um diálogo sincero quando a Coreia do Norte tiver totalmente preparada sua dissuasão nuclear para impedir uma guerra nuclear", completou o porta-voz.

Washington afirmou em várias ocasiões que apenas discutirá com Pyongyang em negociações sobre a desnuclearização da Península, com a participação de seis países (as duas Coreias, Estados Unidos, China, Japão e Rússia).

Mas, ao insistir sobre a abertura ao diálogo, Kerry deu a entender que outros caminhos poderiam ser explorados.

Em Pyongyang, o dirigente Kim Jong-Un visitou na segunda-feira o mausoléu onde estão os corpos embalsamados de seu pai, Kim Jong-Il, e de seu avô, Kim Il-Sung.

Segundo os serviços de inteligência sul-coreanos, o Norte deslocou recentemente para sua costa oriental dois mísseis Musudan, com alcance teórico de 4.000 km, capazes de atingir alvos em todo o território sul-coreano, japonês e até mesmo a ilha de Guam, no Pacífico, onde os Estados Unidos têm bases navais e aéreas.

A tensão na Península Coreana aumentou após as novas sanções impostas pela ONU à Coreia do Norte depois do terceiro teste nuclear do país, em 12 de fevereiro.

Pyongyang, irritado com as manobras militares EUA-Coreia do Sul, também ameaçou com uma "guerra termonuclear".

Até o momento, o descontentamento de Pyongyang foi apenas uma escalada verbal, com exceção do fechamento parcial do complexo industrial de Kaesong.

O ministério sul-coreano da Defesa, no entanto, advertiu que as medidas de proteção serão mantidas.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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