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Oriente Médio

Confrontos entre manifestantes e Exército deixam 46 mortos no Iraque

23 abr 2013 - 12h04
(atualizado às 12h07)
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Ao menos 46 pessoas morreram nesta terça-feira no Iraque durante um ataque das forças antimotins contra manifestantes sunitas hostis ao primeiro-ministro Nuri al-Maliki e em ataques realizados em represália.

As forças antimotins atacaram ao amanhecer a praça central na localidade de Huweijah, na província de Kirkuk, depois que expirou um ultimato para que os manifestantes entregassem os responsáveis pelo assassinato de um soldado há uma semana, segundo o ministério do Interior.

Pelo menos 25 manifestantes e dois militantes morreram no ataque e 70 pessoas ficaram feridas, informou o exército.

"Nossas forças não abriram fogo primeiro. Elas o fizeram porque os manifestantes iniciaram os disparos, e respondemos como defesa", disse à AFP um general iraquiano que pediu para não ser identificado.

No entanto, Abdel Malek al-Juburi, porta-voz dos manifestantes, disse à AFP que as forças antimotins "abriram fogo de forma indiscriminada" contra os manifestantes.

Segundo Al-Juburi, os soldados "incendiaram as barracas nas quais centenas de manifestantes acampavam há várias semanas" para exigir a renúncia de Al-Maliki.

De acordo com um comunicado do ministério do Interior, as autoridades "pediram aos manifestantes pacíficos e não armados que se retirassem da praça" antes do ataque.

A operação tinha como alvo o "exército de Naqchbandis", um grupo rebelde violentamente oposto ao governo e particularmente ativo na região de Kirkuk. Este grupo tem entre suas fileiras ex-oficiais do exército de Saddam Hussein.

Depois deste ataque, as forças armadas impuseram um toque de recolher em toda a região e a praça foi evacuada.

Pouco depois, soldados mataram 13 homens que atacaram posições do exército na província de Kirkuk em represália pelos incidentes na praça de Huweijah.

"Depois que souberam dos mortos e feridos caídos na praça do protesto, membros de várias tribos da região atacaram vários postos de controle do exército", disse o porta-voz dos manifestantes.

Aparentemente em represália por estas mortes, manifestantes armados mataram seis soldados iraquianos e sequestraram um sétimo perto de Ramadi, a oeste de Bagdá, informou um policial.

Os manifestantes também incendiaram dois veículos blindados de transporte e mantinham o soldados refém em uma manifestação na estrada junto a Ramadi, informou o tenente Ibrahim Faraj.

Em meio a estes incidentes, o ministro da Educação do país, Mohamed Ali Tamin (um sunita), apresentou sua renúncia em protesto pela repressão autorizada pelas autoridades xiitas, indicou um funcionário do gabinete.

Por sua vez, o chefe do conselho da província de Kirkuk, Hassan Trouhan, condenou a ação repressiva na praça e o uso indiscriminado da força.

O funcionário "convocou a ONU a intervir porque a situação é extremamente grave e Kirkuk não pode suportar novas crises".

Situada 240 km ao norte de Bagdá, a província de Kirkuk é um mosaico étnico e sectário onde coabitam curdos, árabes, turcomanos, sunitas e xiitas.

As manifestações antigovernamentais se sucedem desde dezembro nas províncias do norte do país, de maioria sunita. Os manifestantes sunitas pedem a renúncia de al-Maliki e o fim da marginalização da qual dizem ser vítimas por sua confissão religiosa.

Neste contexto, quatro fiéis morreram nesta terça-feira na explosão de duas bombas em uma mesquita sunita em Bagdá, de acordo com fontes de segurança.

As explosões, programadas para coincidir com a saída dos fiéis da mesquita de Al-Arqam, também deixaram 13 feridos.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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