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Oriente Médio

Conflito entre Khamenei e Ahmadinejad aumenta chance da oposição no Irã

Após exercer dois mandatos, Ahmadinejad não pode mais concorrer ao cargo na votação em junho

16 mai 2013 - 16h22
(atualizado às 16h22)
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Retratos do fundador da República Islâmica, o aiatolá Ruhola Khomeini, e de seu sucessor, o aiatolá Ali Khamenei, decoravam a celebração
Retratos do fundador da República Islâmica, o aiatolá Ruhola Khomeini, e de seu sucessor, o aiatolá Ali Khamenei, decoravam a celebração
Foto: AFP

As forças conservadoras que governam a República Islâmica do Irã estão divididas. Não passa uma semana sem que seja trazido a público algum conflito entre o líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, e o presidente, Mahmud Ahmadinejad. Khamenei pretende monopolizar o poder. Ahmadinejad se opõe. Com isso, crescem as chances dos que até já estavam esquecidos: os reformistas iranianos.

Em 2009, várias forças da oposição se uniram no Movimento Verde iraniano e organizaram protestos contra a reeleição de Ahmadinejad. Os líderes do movimento são o ex-presidente do Parlamento Mehdi Karoubi e o ex-primeiro-ministro Mir Hossein Musavi, cujo cargo foi extinto em 1989.

Para muitos iranianos, a reeleição de Ahmadinejad foi manipulada pelas forças conservadoras. A suspeita levou milhares de pessoas a protestar nas ruas e perguntar: "Onde está o meu voto?"

A revolta reprimida pela polícia durou seis meses. Seus líderes, Karoubi e Musavi, foram condenados a prisão domiciliar e os dois grandes partidos reformistas – Frente de Participação do Irã Islâmico e a Organização Mujahedin da Revolução Islâmica – foram proibidos.

Estagnação e sanções

Após os protestos, muitos políticos da oposição, ativistas, blogueiros e jornalistas foram condenados em processos sumários e desde então estão presos. Ao mesmo tempo, a situação econômica no país piorou devido às sanções internacionais e à má administração.

"Eu fiquei aflita quando vi a cidade e o povo. Até na prisão temos mais liberdade", disse a um jornal da oposição a jornalista Mahsa Amrabadi, pouco antes de voltar à prisão depois do indulto de férias. Nesse contexto social, o movimento reformista pretende participar das eleições em junho. O programa eleitoral deve levar o título "Governo da Esperança, da Confiança e da Estabilidade."

O favorito entre os reformistas é o antecessor de Ahmadinejad, Mohammad Khatami, que está preso. Recentemente 91 políticos, ativistas e familiares do ex-presidente divulgaram uma carta, na qual apelam a Khatami para se candidatar a presidente.

O apoio a Khatami vem também de dentro da prisão. O político da oposição Mostafa Tajzadeh, preso desde 2009, está convencido da vitória do ex-presidente. "Todas as pesquisas de opinião indicam a vitória disparada de Khatami."

Mesmo assim, nem todos os reformistas desejam participar das eleições. Uma parte deles defende a posição de que participar "seria atribuir legitimação à ditadura." Principalmente, por causa do receio de manipulação dos resultados.

"Ninguém deve participar de eleições manipuladas", diz Ardeshir Amir Arjomand que foi consultor de Musavi. Também a fundação alemã Konrad Adenauer afirma que "enquanto o líder religioso Khamenei não mudar sua política e continuar impedindo eleições livres, nenhuma eleição faz sentido".

O aitolá Ali Khamenei fez um pronunciamento transmitido pela TV
O aitolá Ali Khamenei fez um pronunciamento transmitido pela TV
Foto: AP

Participação ainda incerta

Os conservadores consideram a oposição "o inimigo do sistema dominante." A última palavra sobre a admissão de candidatos pertence ao Conselho de Guardiães, que checa a aptidão de cada um dos inscritos.

O grêmio, composto por seis religiosos e seis juristas, ainda não deu seu parecer. Em 2009, de 475 candidatos apenas quatro tiveram a candidatura aprovada. Muitos integrantes do Conselho são considerados conservadores. Supostamente, a última palavra é sempre de Khamenei.

Para o especialista em Irã da Universidade de Birmingham Scott Lucas, alguns candidatos da oposição serão aceitos. O regime precisa de reformistas na cédula de votação para dar uma aparência de legitimidade às eleições. Em conversa com a DW, Lucas se mostra cético: "Mas para o regime deve ganhar o candidato correto, e este não provavelmente não é um reformista."

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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