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Oriente Médio

Comunidade internacional pressiona Síria a dar acesso à ONU após ataques

22 ago 2013 - 14h43
(atualizado às 14h47)
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A Síria foi alvo de intensa pressão nesta quinta-feira para permitir que inspetores da ONU visitem o local onde ocorreu um suposto ataque com armas químicas perto de Damasco, que deixou centenas de mortos, segundo a oposição, e provocou indignação em todo o mundo.

Uma autoridade americana citada pelo Wall Street Journal disse que há "fortes indícios" de que o governo tenha efetuado um ataque com armas químicas, depois que a oposição informou sobre mais de 1.300 pessoas mortas por gases venenosos em cidades controladas pelos rebeldes a leste de Damasco na quarta-feira.

Damasco negou com veemência a utilização de armas químicas, e uma fonte de alto escalão da segurança afirmou que teria sido um "suicídio político" realizar um ataque como esse num momento em que uma equipe de inspetores da ONU está presente no país.

"Todos os analistas dizem que não é do nosso interesse atual utilizar armas químicas enquanto a comissão está no local", explicou.

A França disse que buscará uma reação "forte", caso sejam confirmadas as alegações da Coalizão Nacional, principal grupo da oposição, sobre um massacre envolvendo armas químicas.

"Se for provado, a posição da França é que deve haver uma reação, uma reação que pode ser forte", afirmou o chanceler francês, Laurent Fabius, à BFM-TV, embora tenha descartado o uso de tropas em terra.

Até agora não houve confirmação independente do ataque, mas vídeos e fotografias publicados on-line por ativistas mostraram cenas de pessoas com a boca espumando e de corpos dispostos em longas filas.

Em um vídeo postado no YouTube, é possível ver crianças recebendo os primeiros socorros em um hospital de campanha, principalmente oxigênio. No vídeo, os médicos pareciam tentar ressuscitar crianças inconscientes.

Outro vídeo mostrou o que ativistas disseram ter sido um caso de histeria após um ataque com armas químicas no leste do país. A autenticidade dos vídeos não foi confirmada até o momento.

Se for confirmado, este seria o maior uso de armas químicas desde que as forças iraquianas de Saddam Hussein atacaram a cidade curda de Halabja, em 1988.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos afirmou que as forças do regime bombardearam nesta quinta-feira uma série de zonas rebeldes em torno de Damasco, enquanto a Coalizão informou que esses ataques ocorreram no dia anterior.

O grupo com sede na Grã-Bretanha, que utiliza nomes e vídeos para documentar ataques com vítimas na guerra síria, apresentou um registro de 170 pessoas mortas - 71 homens, 34 mulheres, 25 crianças e 40 combatentes rebeldes.

Os governos ocidentais exigiram que os inspetores da ONU tenham acesso imediato aos locais dos supostos ataques. Eles já estão presentes na Síria para investigar acusações anteriores de ataques com armas químicas.

O chefe da missão de inspetores da ONU, o sueco Aake Sellstroem, estava em negociações com Damasco "sobre todas as questões relativas à suposta utilização de armas químicas, incluindo este ataque mais recente", disse um comunicado da ONU.

Já o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, exigiu que os inspetores tenham "acesso imediato às testemunhas e às pessoas afetadas" e possam "examinar e coletar evidências físicas, sem qualquer interferência ou manipulação por parte do governo sírio".

Washington já havia descrito o uso de armas químicas como uma linha vermelha que poderia desencadear uma intervenção militar na Síria.

O ministro das Relações Exteriores turco, Ahmet Davutoglu, disse nesta quinta-feira que esaa linha vermelha já havia sido ultrapassada e pediu uma ação internacional.

"Apelamos à comunidade internacional nesta situação, onde a linha vermelha foi ultrapassada há muito tempo, para intervir o quanto antes", afirmou em Berlim após uma reunião com seu colega alemão, Guido Westerwelle.

O presidente francês, François Hollande, também se referiu nesta quinta-feira ao "provável uso de armas químicas" no país durante uma conversa por telefone com Ban Ki-moon.

Segundo o Wall Street Journal, um funcionário de alto escalão do governo americano disse que as acusações de ataques com armas químicas na Síria pareciam ter alguma credibilidade.

"Há fortes indícios de que houve um ataque com armas químicas - realizado claramente pelo governo", disse o funcionário não identificado.

"Mas precisamos fazer nossa investigação e obter todos os fatos para determinar quais medidas devem ser tomadas", acrescentou.

Os inspetores da ONU chegaram a Damasco no domingo com um mandato rigoroso para investigar três locais pela suposta utilização de armas químicas.

Segundo a ONU, mais de 100.000 pessoas já foram mortas na guerra da Síria, que já dura 29 meses. Outras milhares foram forçadas a abandonar suas casas.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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