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Oriente Médio

Comunidade internacional preocupada com uso de armas químicas na Síria

23 abr 2013 - 16h10
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A comunidade internacional manifestou preocupação com o possível uso de armas químicas pelo regime sírio, num momento em que os rebeldes travam intensos combates contra o exército de Damasco e o Hezbollah no centro da Síria.

Reunidos em Bruxelas, os ministros das Relações Exteriores dos 28 países da Otan reafirmaram sua "vigilância" frente a escalada do conflito na Síria, e particularmente ante o risco do uso de armas químicas pelas forças do presidente Bashar al-Assad.

Um membro do serviço de inteligência do exército israelense, o general Itai Brun, declarou que Damasco havia "utilizado armas químicas letais contra os rebeldes em uma série de incidentes nos últimos meses". As armas seriam aparentemente sarin.

Em Washington, a Casa Branca indicou que os Estados Unidos "não puderam concluir" o uso de armas químicas por parte do regime sírio. "Nós observamos", declarou o porta-voz, Jay Carney, lembrando que aos olhos do presente Barack Obama, a utilização de armas químicas por Damasco seria "inaceitável".

Durante a reunião da Otan, o secretário de Estado americano, John Kerry, revelou ter recebido um telefonema do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que não confirmou as alegações. "Eu ainda não sei quais são os fatos, e ninguém sabe", disse.

Em sua primeira reunião com seus colegas na Otan, Kerry chamou a Aliança a se "preparar" para proteger seus países membros, especialmente a Turquia, frente a "ameaça da Síria".

Kerry discutiu com seu colega russo, Sergei Lavrov, cujo país apoia Damasco, sobre saídas políticas para a crise na Síria.

No terreno, os dois bispos das Igrejas ortodoxas síria e grega sequestrados na segunda-feira em um povoado da província de Aleppo, norte da Síria, foram libertados.

O bispo Yohanna Ibrahim, chefe da diocese síria ortodoxa de Alepo, e o bispo Bulos Yaziji, chefe da diocese grega ortodoxa da mesma cidade, foram sequestrados quando voltavam da fronteira turca, segundo informou uma fonte da diocese síria ortodoxa.

Fontes das Igrejas síria e grega ortodoxa e o ministério sírio do Waqf, encarregado dos assuntos religiosos, chegaram a afirmar que os sequestradores dos dois bispos podiam ser "jihadistas chechenos".

Nesta terça, o papa Francisco havia pedido a libertação dos dois bispos.

Os cristãos, que constituem cerca de 5% da população síria, são especialmente vulneráveis no contexto de anarquia favorecido pelo conflito que atinge o país desde o início da revolta contra o regime de Bashar al-Assad, em março de 2011, ressaltam as organizações de defesa dos direitos humanos.

Na frente de batalha, os confrontos se concentram na região de Qousseir, na província de Homs. Nesta localidade, o exército sírio recebe forte apoio de combatentes do Hezbollah xiita libanês.

"O exército trava a batalha nas frentes norte e leste da região de Qousseir e o Hezbollah combate nas frentes sul e oeste", mais perto da fronteira libanesa, segundo Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

Uma fonte militar informou à AFP que o exército continua a "avançar" nesta área, assegurando que a tomada de Qousseir, um reduto rebelde há mais de um ano, "é uma questão de dias".

No entanto, de acordo com Abdel Rahman, a tomada da cidade pode ser complicada pela "feroz resistência dos rebeldes". "Eles estão dispostos a morrer para defender sua cidade, e o exército poderá retomar a cidade de Qousseir apenas se destruí-la completamente", declarou.

O envolvimento do Hezbollah foi duramente criticado pela oposição síria, que vê uma "declaração de guerra", mas também pelos adversários libaneses do partido xiita que temem a entrada do Líbano em uma espiral de violência.

Como têm feito há mais de uma semana, os rebeldes voltaram a disparar morteiros contra a região de Hermel, um reduto do Hezbollah, como resposta.

Para complicar ainda mais a situação, dois xeques salafistas libaneses pediram a jihad (guerra santa) na Síria para defender a população sunita na região de Homs, em resposta à intervenção do partido xiita.

"Assim como o Hezbollah envia combatentes para defender áreas xiitas (...), nós também vamos enviar homens e armas para o nossos irmãos sunitas em Qousseir", disse o xeque Salem Al-Rafii.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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