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Oriente Médio

Combates sem precedentes travados em região alauíta da Síria

2 mai 2013 - 15h43
(atualizado às 15h45)
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Violentos combates foram registrados nesta quinta-feira pela primeira vez entre o Exército sírio e os rebeldes nos arredores da cidade de Banias, no noroeste da Síria e de maioria alauíta, a comunidade do presidente Bashar al-Assad.

Enquanto uma solução para o conflito parece distante, diplomatas afirmaram que Lakhdar Brahimi deve renunciar em breve ao seu cargo de enviado especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria, informação que foi minimizada por um de seus colaboradores.

Os combates na região litorânea de Banias, os primeiros desde o início da revolta contra o regime, em março de 2011, ocorrem principalmente em Bayda, um dos bairros sunitas do sul da cidade, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que conta com uma ampla rede de ativistas e médicos na Síria.

"Ao menos sete soldados morreram e outros 20 ficaram feridos nos combates entre rebeldes e o Exército, apoiado por forças alauítas pró-regime, que cercam Bayda desde esta manhã", indicou o OSDH.

A agência de notícias Sana, citando um militar, indicou que o Exército "matou terroristas nos bairros de Bayda e Mirqab e no bairro (sunita) de Ras el Nabah" em Banias. O regime chama os rebeldes de "terroristas".

O OSDH também relatou "execuções sumárias" em Bayda cometidas pelo Exército e milícias pró-regime, com facas e armas de fogo, e disse temer um "massacre" na região.

A região de Banias é predominantemente alauíta, com uma população sunita nas localidades ao sul da cidade. Os rebeldes são em sua maioria sunitas.

As três principais cidades litorâneas, Banias, Latakia e Tartous e suas regiões, formam o "país alauíta", de onde Assad é originário, e os analistas sugerem que o presidente sírio pode tentar se refugiar neste reduto em caso de queda de seu regime.

Mais a leste, o Exército, apoiado por oficiais iranianos e membros do movimento xiita libanês Hezbollah, apertam o cerco em torno dos rebeldes em Homs (centro), segundo o OSDH.

"O Exército, com equipamentos e oficiais do Irã e do Hezbollah, assumiu o controle de grande parte do bairro de Wadi al-Sayeh" no centro de Homs, segundo a ONG com sede na Grã-Bretanha.

Wadi el-Sayeh está localizada entre o distrito de Khaldiyé e a cidade velha de Homs, duas áreas controladas pelos rebeldes e sitiadas pelo Exército há quase um ano.

"Na cidade velha de Homs, 800 famílias estão em estado de sítio há quase um ano, com centenas de feridos. Elas estão ameaçadas, porque se a cidade velha (majoritariamente sunita) for tomada, há temores de vingança (pró-regime) de caráter religioso", acrescenta o OSDH.

Segundo a ONG, militares do Irã, país aliado de Damasco, e o Hezbollah supervisionam as operações do Exército na cidade. O movimento xiita reconheceu que participa dos combates travados em torno de Homs.

No norte, um policial foi morto e seis pessoas ficaram feridas a tiros no lado turco da fronteira de Akçakale, segundo fontes locais.

Os disparos efetuados na fronteira entre a Síria e a Turquia são frequentes. O país vizinho apoia os rebeldes e abriga cerca de 200 mil refugiados.

Na frente diplomática, um colaborador de Brahimi que não quis se identificar afirmou que o mediador "pensa" em renunciar frente ao impasse da guerra, mas isto só deve ser decidido em meados de maio.

Na quarta-feira, fontes diplomáticas indicaram que Lakhdar Brahimi estava a ponto de renunciar diante da crescente frustração com o estancamento dos esforços internacionais para acabar com a guerra civil síria .

Brahimi "quer renunciar, mas está sendo convencido a permanecer (no cargo) por mais alguns dias", revelou um diplomata do Conselho de Segurança da ONU. "Ele já disse que vai sair, mas há uma pequena esperança de que fique".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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