China: tibetano de 14 anos morre após atear fogo ao próprio corpo
Um adolescente tibetano de 14 anos morreu nesta quinta-feira ao atear fogo em seu próprio corpo na província ocidental chinesa de Qinghai, o décimo episódio deste tipo registrado na região nos últimos dez dias, coincidindo com a substituição do poder no regime comunista chinês.
Segundo a agência oficial Xinhua, o jovem, chamado Karpongya (muitos nomes tibetanos não possuem sobrenome), ateou fogo em seu próprio corpo na cidade de Gartse, em Tongren, por volta das 2h10 (de Brasília). O fato ocorreu na mesma hora em que era apresentada à sociedade a nova cúpula do Comitê Permanente do Partido Comunista da China, que traz Xi Jinping como o novo secretário-geral da formação governante.
Pelo menos cinco dos 10 episódios semelhantes registrados nos últimos dias causaram a morte dos tibetanos que os protagonizaram. De acordo com os grupos pró-Tibete no exílio, os atos se produzem em protesto contra repressão religiosa e cultural vivida pelos tibetanos.
Nos últimos dois anos, pelo menos 70 tibetanos já tentaram se suicidar ao atear fogo em seu próprio corpo, uma onda sem precedentes e que levou recentemente à Alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, a pedir a Pequim que "atenda as reivindicações" dos habitantes do "Teto do Mundo". Além disso, na última semana, milhares de tibetanos se manifestaram contra o governo chinês em uma das regiões onde estes fatos são registrados com certa frequência.
O regime chinês, por sua vez, culpa Dalai Lama e seu entorno de organizar e encorajar estes protestos com fins políticos (muitos dos que se suicidaram defendiam o retorno do líder religioso no exílio ao Tibete). O regime chinês considera o Tibete como parte do país há séculos, por uniões dinásticas e conquistas da época imperial, sendo que para os tibetanos no exílio a região era virtualmente independente até ser ocupada pelo Exército comunista no início da década de 50.
