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Oriente Médio

China convoca Síria a aplicar plano de paz de Kofi Annan

11 abr 2012 - 06h24
(atualizado às 08h06)
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A China se declarou nesta quarta-feira "profundamente inquieta" pelo prosseguimento da violência na Síria e convocou Damasco a aplicar o plano de paz do emissário especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan. A China, aliada do regime de Damasco, "está profundamente inquieta (...) pela violência que continua na Síria" e "convoca o governo sírio a aplicar o plano de seis pontos" proposto por Annan, declarou nesta quarta-feira um porta-voz da diplomacia chinesa, na véspera da data fixada pelo Conselho de Segurança da ONU para o fim dos combates.

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"A oposição na Síria também deve fazer um cessar-fogo imediatamente", acrescentou Liu Weimin durante um encontro com a imprensa. Liu fez esta declaração na véspera da data fixada pelo Conselho de Segurança da ONU para o fim dos combates na Síria, onde a violência deixou mais de 10.000 mortos, em sua maioria civis, em um ano de revolta sem precedentes contra o regime.

Depois de ter deixado passar um primeiro prazo, no dia 10 de abril, o Conselho de Segurança das Nações Unidas convocou na terça-feira as autoridades sírias a parar com os combates antes de quinta-feira, 12 de abril, às 6h locais (0h de Brasília). A questão de "uma saída política do tema sírio chega a um estado crítico", prosseguiu o porta-voz em relação à data limite fixada pela ONU para o fim dos combates.

A China, que junto com a Rússia bloqueou duas tentativas da ONU para condenar o regime de Bashar al-Assad, se expressa quase diariamente sobre a crise na Síria. Na terça-feira, havia convocado o regime de Damasco e a oposição síria a respeitar seus compromissos em favor de um cessar-fogo e de uma retirada militar no âmbito do plano de saída de crise de Kofi Annan.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores, sem surtir grandes efeitos. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, as forças de Assad iniciaram uma investida contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. De acordo com cálculos de grupos opositores e das Nações Unidas, pelo menos 9 mil pessoas já morreram desde o início da crise Síria.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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