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Oriente Médio

Cameron diz que Argentina deve respeitar desejo das Malvinas

12 mar 2013 - 07h40
(atualizado às 07h51)
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O primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou nesta terça-feira que a Argentina deve respeitar o resultado do referendo organizado nas Ilhas Malvinas, no qual 99,8% dos habitantes do arquipélago votaram a favor da continuidade do território como britânico

"Os habitantes das Falkland (nome britânico das Malvinas) não podiam falar de maneira mais clara. Querem continuar sendo britânicos e todo o mundo, incluindo a Argentina, deveria respeitar este ponto de vista", disse Cameron, que se declarou satisfeito com o resultado.

"As Ilhas Falkland podem estar a milhares de milhas de distância, mas são britânicas até a medula e isto é o que desejam continuar sendo. As pessoas têm que saber que sempre estaremos aqui para defendê-las", completou.

A Argentina rejeitou o resultado do referendo antes mesmo do anúncio oficial por considerá-lo uma "tentativa britânica de manipular" e destacou que "não acabará com a disputa sobre a soberania".

Após um referendo de autodeterminação celebrado no domingo e na segunda-feira, os habitantes das Malvinas votaram em 99,8% a favor da manutenção como território britânico de ultramar. Apenas três eleitores votaram contra.

No total, 92% dos 1.672 eleitores do disputado arquipélago do Atlântico sul participaram no referendo.

Situadas a 400 km das costas argentinas e a 12.700 km de Londres, as Malvinas estão sob controle britânico desde 1833.

A Argentina continua reivindicando o arquipélago, mais de 30 anos depois de ter protagonizado uma guerra relâmpago contra Grã-Bretanha em 1982 que provocou mais de 900 mortes.

O referendo era destinado a enviar uma clara mensagem à Argentina, que considerou a votação ilegal.

Dos 1.672 eleitores das ilhas que votaram no referendo, apenas três votaram contra a permanência das ilhas sob o domínio da Grã-Bretanha.

A embaixadora argentina em Londres, Alicia Castro, qualificou o referendo de "manobra midiática e de adiamento". "É uma manobra sem nenhum valor legal, não foi convocado nem supervisionado pelas Nações Unidas".

"São britânicos. Respeitamos seu modo de vida, sua identidade. Respeitamos que queiram continuar sendo britânicos, mas o território que habitam não é", acrescentou Castro.

A Argentina reclama pela via diplomática a soberania sobre o arquipélago austral, após uma guerra com o Reino Unido em 1982 com um saldo de 649 argentinos e 255 britânicos mortos.

A Grã-Bretanha administra as "Falklands" desde 1833, mas Buenos Aires reivindica o arquipélago ao considerar como parte do território argentino.

As tensões diplomáticas aumentaram nos últimos anos, especialmente após a descoberta de petróleo próximo do arquipélago, e a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, tem aumentado suas reivindicações de forma progressiva.

No sábado, a embaixadora argentina em Londres já havia afirmado que o referendo não teria "efeito algum do ponto de vista do direito internacional".

"Seu resultado previsível não põe fim à disputa nem aos inquestionáveis direitos argentinos", declarou Castro.

A Argentina qualificou de "ilegal" o referendo já que sustenta que os habitantes são uma população "implantada" e, portanto, não têm o direito à autodeterminação.

Por sua vez, Londres garante que não discutirá sobre temas de soberania com Buenos Aires exceto por exigência dos habitantes locais.

Observadores internacionais, alguns deles da América do Sul, acompanharam a votação.

O referendo, que ocorreu em um inóspito território de 12.000 km quadrados, foi um desafio logístico. Cerca de 80% dos 2.563 residentes do arquipélago vivem na capital Stanley, mas muitas centenas habitam zonas distantes, em áreas criadoras de ovelhas ou vilarejos remotos.

Para que todos votassem, foram abertos quatro colégios eleitorais fixos (um em Stanley e outros três em vilas) e criadas urnas móveis que se deslocaram pelas ilhas de avião ou em veículos quatro por quatro.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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