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Oriente Médio

Brasileira em Israel: "é uma situação de incertezas"

4 jan 2009 - 22h09
(atualizado às 22h28)
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Brasileiros e israelenses demonstram preocupação com o conflito em Gaza. A paulista Tatiana Presch, 26 anos, mora há nove meses em Israel e está desde outubro em Beer Sheva, cidade distante 60 km da Faixa de Gaza que foi atingida, na semana passada, por mísseis disparados pelo Hamas. "É uma situação de incertezas. O pior é o medo de não saber o que vai acontecer", diz.

"O pior é o medo de não saber o que vai acontecer", diz a estudante de engenharia
"O pior é o medo de não saber o que vai acontecer", diz a estudante de engenharia
Foto: Divulgação

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Tatiana cursa o primeiro ano do mestrado em engenharia industrial na Universidade Ben Gurion, mas as aulas estão canceladas. Ela passou o domingo em Jerusalém, distante dos mísseis que forçaram a população de Beer Sheva a se proteger em abrigos anti-bomba. Ela conta que quando os projéteis começaram a cair na cidade, o sistema de alarme não estava funcionando. "Eu ficava diante da televisão e do rádio o tempo todo para saber se podia sair de casa".

Ela conta que mora em um local aberto, sem muitos edifícios por perto. "Em caso de alerta, nem teria para onde correr. É melhor ficar em casa", explica. Como a maioria das residências em Israel, a de Tatiana tem um quarto de segurança, que resiste a eventuais impactos de mísseis.

Antes de mudar-se para a cidade, que fica ao norte do deserto do Negev, Tatiana vivia em Ashkelon, distante apenas 11 km da Faixa de Gaza. "Chegamos a um momento em que Israel não podia mais tolerar os mísseis", diz. Ela diz concordar com a operação israelense no território palestino.

"O governo israelense está preocupado em proteger a população", afirma. Ela diz se sentir mais segura em Israel do que em São Paulo, mas espera que o conflito acabe logo. "Antes da operação na Faixa de Gaza não caíam mísseis em Beer Sheva, mas eu acho que vou me sentir mais segura quando tudo isso acabar".

População se divide sobre apoio ao ataque

Aos 20 anos, a instrutora de recreação infantil Natali Engelovitz vive perto da Faixa de Gaza, no kibutz Nir Oz. Por conta do conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas, Natali saiu do local há seis dias e foi temporariamente para Jerusalém. "Aqui me sinto segura. Só volto para a minha casa se os mísseis pararem", diz.

Natali acha que a campanha de Israel na Faixa de Gaza está relacionada com política. O atual ministro da Defesa, Ehud Barak, é o candidato do partido Trabalhista para as eleições gerais, marcadas para dentro de pouco mais de um mês. A garota diz que nunca votou "porque Israel não tem grandes líderes".

Para o estudante de arquitetura Kobi Yisin, a guerra está sendo realizada para que Barak consiga ganhar votos em fevereiro. O líder do partido Trabalhista está mal colocado nas pesquisas, bem atrás do Likud, legenda de direita, e do Kadima, da atual ministra de Exterior Tzipi Livni.

Yisin, 23 anos, se opõe à operação de Israel. "Acho que é melhor voltar (de Gaza). Não concordo com a convocação de soldados reservistas, jovens que vão arriscar a vida por motivações políticas que nem são deles", diz.

O comerciante árabe-israelense Maher Abu Maiali, dono de uma loja no mercado árabe da Cidade Velha de Jerusalém, acha que Israel quer reocupar a Faixa de Gaza, de onde saiu em agosto de 2005. "É melhor conversar", diz, sentado diante da loja visitada por turistas.

Outro comerciante árabe-israelense, que não quis se identificar, garante que o número de turistas na cidade caiu. "As pessoas têm medo também de vir para Jerusalém", opina. Ele diz que não se sente seguro na cidade, mas garante: "é melhor estar aqui do que em Gaza".

A estudante Yael Rosenberg acha que os dois lados deveriam dialogar. "Ninguém assume a responsabilidade de encontrar uma solução para o conflito", diz. "Israel precisa entender que o primeiro passo para a paz é firmar um acordo para que os palestinos recebam seu lugar".

Fonte: Especial para Terra
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