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Oriente Médio

Brasil: jamais contestamos direito de defesa de Israel

Mesmo assim, País critica a desproporção do uso de força, a morte de inocentes e pede o cessar fogo

24 jul 2014 - 15h33
(atualizado às 16h04)
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O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, defendeu nesta quinta-feira a posição do governo brasileiro que condenou “energicamente o uso desproporcional da força” por Israel em conflito na Faixa de Gaza. “Condenamos a desproporcionalidade da reação de Israel, com a morte de cerca de 700 pessoas, dos quais mais ou menos 70% são civis, e entre os quais muitas mulheres, crianças e idosos. Realmente, não é aceitável um ataque que leve a tal número de mortes de crianças, mulheres e civis", disse o ministro, após participar, em São Paulo, de evento na Fundação Getulio Vargas.

Ele lembrou que, na semana passada, o Itamaraty já havia divulgado nota condenando o movimento islâmico Hamas pelos foguetes lançados contra Israel, e também Israel pelo ataque à Faixa de Gaza. “Israel se queixa que, na última nota, não repetimos a condenação que já tínhamos feito. A condenação que já tínhamos feito continua somos absolutamente contrários ao fato de o Hamas soltar foguetes contra Israel. Isso se mantém. Não há dúvida. Não pode haver dúvida disso”, afirmou Figueiredo.

O ministro acrescentou que a última nota do Itamaraty não omite nada que foi dito antes. "Ao contrário, a gente pede o cessar-fogo imediato. Cessar-fogo quer dizer o quê? (Cessarem) os ataques das duas partes. Não há cessar-fogo unilateral, não é isso que a gente pede. A gente pede que as duas partes parem os ataques. Isso permanece.”

Figueiredo rebateu ainda afirmação do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, que, segundo o jornal The Jerusalem Post, classificou o Brasil de "anão diplomático", apesar de sua posição econômica e cultural.  “O que eu li é que o Brasil é um gigante econômico e cultural, e é um anão diplomático. Eu devo dizer que o Brasil é um dos poucos países do mundo, um dos 11 países do mundo, que têm relações diplomáticas com todos os membros da ONU (Organização das Nações Unidas). E temos um histórico de cooperação pela paz e ações pela paz internacional. Se há algum anão diplomático, o Brasil não é um deles, seguramente”, reagiu o chanceler.

Segundo Figueiredo, as declarações do porta-voz da Chancelaria israelense não devem, porém, estremecer as relações de amizade entre os dois países. “Países têm o direito de discordar. E nós estamos usando o nosso direito de sinalizar para Israel que achamos inaceitável a morte de mulheres e crianças, mas não contestamos o direito de Israel de se defender. Jamais contestamos isso. O que contestamos é a desproporcionalidade das coisas”, destacou.

O chanceler também defendeu a posição brasileira assumida no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. O Brasil votou favoravelmente à condenação da atual ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza e à criação de uma comissão internacional para investigar todas as violações e julgar os responsáveis.

“A maioria apoiou, inclusive a América Latina inteira. Nós estamos junto da nossa região e apoiamos, neste caso, uma investigação internacional independente para determinar o que aconteceu, o que está acontecendo. Eu acho razoável haver essa investigação internacional independente, e foi a favor disso que nós nos manifestamos.” 

Israelenses criticam posição 

Rebatendo o posiconamento brasileiro, o embaixador de Israel em Brasília, Rafael Eldad, disse que o governo está surpreso e decepcionado. "As autoridades brasileiras só veem um lado. Não vimos, uma única vez, qualquer menção do Hamas. Nossa expectativa era de pelo menos uma palavra de simpatia, de compaixão para com os civis israelenses, que também estão sob fogo de foguetes e mísseis. Foi uma surpresa. Como sabemos, nenhum país do mundo atuou desta maneira", afirmou ele. 

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores de Israel considerou a atitude do governo brasileiro como um fator que respalda o terrorismo. “A decisão (condenação do uso desproporcional da força) não reflete o nível de relacionamento entre os países e ignora o direito de Israel de se defender. Passos como esse não contribuem para promover a calma e a estabilidade na região. Ao contrário, dá respaldo ao terrorismo". Em outro ponto, a nota diz ainda que esse comportamento compromete a capacidade do Brasil de exercer influência no panorama internacional. "Israel espera apoio de seus amigos em sua luta contra o Hamas, que é reconhecido como uma organização terrorista por muitos países pelo mundo”. 

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Agência Brasil Agência Brasil
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