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Oriente Médio

Brahimi quer mudança real com governo de transição na Síria

27 dez 2012 - 18h31
(atualizado às 18h48)
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O emissário internacional para a Síria, Lakhdar Brahimi, pediu nesta quinta-feira uma mudança real com um governo de transição com plenos poderes que dirigiria o país até a realização de eleições.

Brahimi não informou o que aconteceria com o presidente sírio Bashar al-Assad, no momento em que a Rússia desmentiu ter concluído um acordo com os Estados Unidos para que o presidente permaneça em seu cargo até o fim de seu mandato atual, em 2014, sem poder ser candidato à reeleição.

O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, alertou sobre o risco de um "caos sangrento" se não for alcançada uma solução negociada no conflito.

"Quanto mais tempo ela continuar, maior será sua amplitude e mais grave será a situação para todos", declarou Lavrov à agência russa Interfax.

"A possibilidade de tomar uma decisão com base em um comunicado do encontro do grupo de ação sobre a Síria de 30 de junho deste ano em Genebra diminui, mas ainda existe e é necessário lutar por isso", disse.

"A mudança exigida não pode ser cosmética, o povo sírio precisa e exige uma mudança real", declarou Brahimi em uma coletiva de imprensa em Damasco.

"É preciso formar um governo com todos os poderes (...) que assuma o poder durante o período de transição. Este período transitório terminará com eleições", declarou o enviado especial da ONU e da Liga Árabe, sem indicar quando estas eleições serão realizadas.

Uma fonte diplomática do Conselho de Segurança da ONU indicou na quarta-feira que Brahimi não recebeu o apoio de nenhuma das partes desde que chegou à Síria, no último domingo.

Assim, não haveria nenhuma vontade negociadora por parte do presidente sírio, com quem Brahimi se reuniu na segunda-feira.

Por sua vez, os rebeldes também rejeitaram "as soluções propostas por Brahimi".

"Aceitaremos qualquer solução política que não inclua a família Assad e os que danificaram o povo sírio", declarou Walid al-Buni, porta-voz da Coalizão Nacional Síria, nesta quinta-feira.

O Conselho de Segurança da ONU tampouco forneceu ao emissário internacional "o tipo de apoio de que necessita", considerou esta fonte diplomática.

A França repetiu nesta quinta-feira que Assad, "que é responsável pelas 45 mil vítimas deste conflito, não pode formar parte da transição política" na Síria.

No sábado, Brahimi deverá se reunir com líderes russos em Moscou, indicou a Rússia.

Moscou desmentiu nesta quinta-feira a existência de um plano conjunto com os Estados Unidos para tirar a Síria da crise, depois que a imprensa especulou sobre uma iniciativa que manteria Assad no poder até 2014.

"Não houve e não há tal plano, e não está sendo negociado", disse à imprensa o porta-voz do ministério russo das Relações Exteriores.

Brahimi também negou que houvesse um plano deste tipo.

Brahimi se referiu a este acordo e afirmou que havia "elementos suficientes para negociar uma saída da crise nos próximos meses".

O acordo prevê, entre outras coisas, que o governo de transição possa incluir membros do atual governo sírio.

A Rússia afirmou em várias oportunidades que não apoiará Assad, mas que tampouco tentará convencê-lo a renunciar, por considerar que corresponde aos sírios decidir o futuro de seu país.

A violência na Síria deixou mais de 45 mil mortos, em sua maioria civis, desde o início da mobilização contra o regime de Assad, há 21 meses, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), uma ONG opositora radicada no Reino Unido.

Nesta quinta-feira, morreram no total 49 pessoas em todo o país, incluindo 11 rebeldes e 16 soldados na província de Idleb, segundo o OSDH.

A força aérea síria bombardeou os arredores de uma base militar do noroeste do país que os rebeldes sitiam há mais de dois meses, indicou o OSDH.

Também na província de Idleb, helicópteros metralharam a localidade de Binneche, acrescentou.

Perto de Damasco, em Daraya, a sudoeste da capital, ocorriam combates, também segundo o OSDH.

Em outro subúrbio de Damasco, Sbina, a explosão de um carro-bomba deixou quatro mortos e dez feridos, em sua maioria alunos de uma escola da região, segundo a televisão estatal.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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