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Oriente Médio

Bombardeios prosseguem no sul do Iêmen e população sofre com escassez

13 abr 2015 - 16h39
(atualizado às 16h39)
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Escolas e empresas fechadas, escassez generalizada, êxodo de civis: a situação tem se tornado insustentável no Iêmen, que tem sofrido com combates e ataques aéreos liderados pela Arábia Saudita.

Áden, segunda maior cidade do país, registrou as horas mais violentas desde o início, em 26 de março, dos ataques aéreos da coalizão árabe liderada por Riad para tentar impedir os rebeldes xiitas huthis de tomar o poder no Iêmen, seu vizinho.

Neste contexto, a Human Rights Watch (HRW) implorou à coalizão árabe que adote "medidas necessárias para minimizar o sofrimento dos civis".

Em Riad, o primeiro-ministro iemenita, Khaled Bahah, prestou juramento nesta segunda-feira como vice-presidente ante o presidente Abd Rabbo Mansur Hadi.

A promoção de Bahah, de 49 anos, foi aplaudida pelo Conselho de ministros saudita e pelo Conselho de Cooperação do Golfo, que incluiu além da Arábia Saudita seus cinco vizinhos árabes do Golfo.

Visto como um homem de consenso, Bahah foi nomeado primeiro-ministro em outubro.

Também nesta segunda-feira, o preside Hadi declarou que a situação em seu país deve-se a "fome de poder do Irã".

"Meu país está sob o cerco das forças da milícia radical huthi, cuja campanha de terror e destruição é alimentada pelo apoio político e militar do regime iraniano, obcecado pelo domínico regional", declarou Hadi em um artigo publicado pelo jornal americano New York Times.

Em Teerã, centenas de pessoas manifestaram em frente à embaixada da Arábia Saudita para protestar contra os ataques aéreos no Iêmen, gritando palavras hostis ao rei Salmane e à sua família.

A Arábia Saudita sunita acusa o Irã xiita, seu rival, de enviar armas aos rebeldes huthis, enquanto Teerã condena a campanha aérea que "viola as leis internacionais".

Áden acordou nesta segunda após uma longa noite de combates entre os partidários do presidente Hadi e seus adversários, os rebeldes xiitas huthis e seus aliados.

Ao menos 30 pessoas, incluindo treze civis, onze huthis e seis combatentes pró-Hadi, morreram nesses combates que atingiram diferentes bairros, segundo fontes médicas e militares.

Além disso, os ataques da coalizão prosseguiram durante a madrugada e tinham como alvos os postos de controle e posições dos rebeldes nas entradas da grade cidade portuária de Áden.

Os aviões bombardearam o complexo presidencial ocupado pelos rebeldes e que foi o último refúgio do chefe de Estado Abd Rabo Mansur Hadi, antes de sua fuga para a Arábia Saudita .

Muitas famílias fugiram da cidade desde o início dos combates.

"As escolas, as universidades e as empresas públicas e privadas fecharam", disse Mataz al-Maisuri, militante leal a Hadi e morador de Áden.

A população sofre com a falta de tudo, principalmente alimentos, segundo as organizações humanitárias.

"Há combates em todas as ruas e eu obriguei meus filhos a ficar em casa porque muitos vizinhos foram mortos por atiradores quando não tinham nada a ver" com esta guerra, acrescentou o morador.

Neste contexto, a equipe da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) tem tido dificuldades para se locomover e ter acesso às pessoas que necessitam de assistência médica, indicou Marie-Elisabeth Ingres, uma de suas chefes.

A crise é idêntica em Sanaa, de acordo com a porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Marie Claire Feghali, presente na capital iemenita.

A ajuda do CICV é entregue com dificuldade em Sanaa e Áden, e deve ser enviada para Saada, reduto dos huthis no norte do país, disse Feghali à AFP.

Os rebeldes huthis controlam a capital Sanaa, regiões do centro e oeste, assim como de territórios no sul, o que provocou a intervenção saudita.

As perdas entre os huthis e seus aliados, os militares leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, são desconhecidas, mas as imagens dos ataques aéreos da coalizão árabe sugerem um grande número de mortos e feridos.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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