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Oriente Médio

Bombardeios a Homs entram no décimo dia, dizem opositores

14 fev 2012 - 06h14
(atualizado às 08h33)
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O regime sírio prossegue nesta terça-feira com o "brutal" bombardeio ao reduto opositor de Homs, no centro do país, alvo de uma ofensiva há dez dias pelo regime do presidente Bashar al Assad. Conforme os Comitês de Coordenação Local continuam os ataques contra o bairro de Bab Amr, o mais castigado pela repressão do regime. Vários helicópteros sobrevoam nesta manhã a cidade a baixa altura e em alguns bairros se ouve disparos.

Imagem de vídeo retirada do Youtube exibe enorme bola de fogo se erguendo após bombardeio na região de Baba Amr
Imagem de vídeo retirada do Youtube exibe enorme bola de fogo se erguendo após bombardeio na região de Baba Amr
Foto: AFP

A Comissão Geral da Revolução Síria acrescenta que os bombardeios são indiscriminados e informa que ao menos três pessoas morreram nesta manhã. Na província sulina de Deraa, seis carros blindados invadiram uma localidade prendendo inúmeras pessoas. As informações não podem ser confirmadas de forma independente devido às restrições impostas pelo regime sírio ao trabalho dos jornalistas.

Nos últimos dias têm crescido as mobilizações de movimentos diplomáticos para pressionar o governo de Damasco. Há dois dias, a Liga Árabe concordou em pedir ao Conselho de Segurança da ONU a formação de uma força de paz conjunta para a Síria, assim como retirar seus embaixadores do país e aumentar as sanções econômicas contra o regime de Assad.

A ONU alertou na segunda-feira que a Síria entrará "em breve" em uma guerra civil se continuarem os "ataques indiscriminados" à população civil pelas forças governamentais, por isso pediu "ação" a comunidade internacional para que a violência chegue ao fim.

O porta-voz da Casa Blanca Jay Carney afirmou que os Estados Unidos farão todo o possível para isolar e pressionar o regime de Assad, e criticou os "desagradáveis atos de violência" perpetrados pelas autoridades sírias contra o próprio povo, "que só procura uma transição democrática e uma vida melhor".

Desde o início dos protestos em meados de março, mais de 5,4 mil pessoas, entre elas 400 crianças, morreram, pelos dados da ONU contabilizados em janeiro. A oposição síria estima, no entanto, que as vítimas civis superam as 6 mil e há países, como a Arábia Saudita, que falam em mais de 7 mil mortos.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores - já organizados e dispondo de um exército composto por desertores das forças de Assad -, sem surtir efeito. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, o as forças de Assad investiram contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. A ONU estima que pelo menos 5 mil pessoas já tenham morrido na Síria.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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