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Oriente Médio

Bahrein : príncipe herdeiro compromete-se com reformas

21 fev 2011 - 19h22
(atualizado às 21h21)
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O príncipe herdeiro de Bahrein, xeque Salman Ben Hamad Al-Khalifa, encarregado do diálogo com a oposição, comprometeu-se nesta segunda-feira com "reformas reais, não de fachada", em declarações divulgadas pela televisão de Estado.

info infográfico distúrbios mundo árabe
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Foto: AFP

"Há divisões religiosas em nosso país, o que é inaceitável", acrescentou o xeque Salman, destacando que a introdução de "reformas é um dever" em Bahrein, um país de maioria xiita, governado por dinastia sunita, ao mesmo tempo em que fez um apelo à paz.

O príncipe herdeiro falou durante um encontro com uma delegação da Câmara de Comércio e Indústria de Bahrein, pedindo aos empresários que "apoiem o diálogo" nacional, valorizando o interesse geral" do país.

O príncipe recebeu a incumbência do rei Hamad Ben Issa Al-Khalifa de abrir o diálogo com a oposição, que pede a instauração de uma verdadeira monarquia constitucional e um governo eleito, num movimento de contestação lançado em 14 de fevereiro, por iniciativa de jovens internautas.

"O diálogo começará logo (...) com uma agenda de discussões aberta", declarou por sua vez o ministro bareinita das Relações Exteriores, xeque Khaled Ben Ahmed Al-Khalifa.

A oposição exige a demissão do governo, acusado da repressão sangrenta a manifestações que resultou em sete mortos.

Mundo árabe em convulsão

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Alie do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muamar Kadafi, a população entra em sangrento confronto com as forças de segurança; em meio à onda de violência, um filho de Kadafifoi à TV estatal do país para tirar a legitimidade dos protestos, acusando um "complô" para dividir o país e suas riquezas. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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