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Oriente Médio

Atentado no reduto do Hezbollah em Beirute deixa 18 mortos

15 ago 2013 - 17h46
(atualizado às 17h51)
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Pelo menos 18 pessoas morreram na explosão de um carro-bomba nesta quinta-feira, no subúrbio sul de Beirute, reduto do Hezbollah, aliado do regime de Bashar al-Assad contra os rebeldes na Síria.

A forte explosão, que teve sua autoria reivindicada por um pequeno grupo desconhecido que seria formado por rebeldes sírios, representa um desafio para o líder do movimento xiita, Hassan Nasrallah. Na véspera, ele disse ter tomado medidas para evitar um segundo atentado, depois do ocorrido em 9 de julho nesse bairro.

Segundo um registro da Cruz Vermelha divulgado às 22h00 locais (16h00 de Brasília), pelo menos 18 pessoas morreram e mais de 250 ficaram feridas nessa explosão, às 18h20 (12h20 de Brasília), em um cruzamento de Roueiss, um setor populoso da periferia xiita. Pel menos 100 vítimas devem passar a noite no hospital.

Um morador contou a um canal libanês ter visto um furgão passar três vezes no setor, como se procurasse um lugar para estacionar, antes de explodir na rua. Uma outra testemunha falou de um verdadeiro "terremoto".

Um fotógrafo da AFP viu carros pegando fogo, corpos carbonizados e a entrada de dois prédios em chamas, o que obrigou os bombeiros a usarem suas escadas para evacuar os moradores bloqueados nos apartamentos.

Guardas do Hezbollah à paisana estavam em massa presentes no local, de onde sobe uma longa fumaça negra.

O canal do Hezbollah, Al-Manar, mostrou uma multidão raivosa e em pânico no local.

"O terrorismo voltou a atingir o subúrbio sul", afirmou o apresentador da emissora Al-Manar, para quem o partido xiita "paga o preço por sua posição".

O Hezbollah, um aliado do regime Assad e que há meses luta contra os rebeldes na Síria, tornou-se uma besta negra para os insurgentes sírios, sunitas em sua maioria.

Um pequeno grupo desconhecido e de forte tendência sunita, intitulado "as Companhias de Aicha oum el-Mou'minine" (em referência à esposa favorita de Maomé), divulgou um vídeo, no qual assume a autoria do ataque. "Hassan Nasrallah, nós lhe enviamos nossa segunda forte mensagem, porque você continua sem entender", declarou um homem encapuzado, ao ler um texto ao lado de dois companheiros armados.

Esse foi o segundo atentado em seis semanas registrado nos setores populares de Bir el-Abed e de Roueiss. Em 9 de julho, um carro-bomba já havia sido detonado, deixando mais de 50 feridos. Uma organização síria também desconhecida, a Brigada 313, assumiu o atentado. Segundo o grupo, o ataque ocorreu em represália à participação do Hezbollah no conflito na Síria.

O presidente da República libanesa, Michel Sleimane, condenou o atentado "terrorista", "criminoso" e "covarde", que apresenta, segundo ele, "as marcas de Israel", inimigo do Hezbollah.

O ministro sírio da Informação, Omrane al-Zohbi, também denunciou "duramente" o atentado, avaliando que se tratou de "um serviço prestado ao inimigo israelense".

O analista e especialista em Hezbollah, Waddah Charara, do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), também mencionou Israel.

"Esse atentado faz parte da guerra travada entre Israel e o movimento xiita, e que se traduziu, recentemente, na incursão de soldados israelenses no território libanês", afirmou, acrescentando que "o Estado hebreu e o Hezbollah trocam, atualmente, mensagens explosivas".

Em uma entrevista nesta quarta ao canal Al-Mayadeen, o chefe do Hezbollah reivindicou a autoria de duas explosões, em 7 de agosto, que deixaram quatro soldados israelenses feridos. Ele disse ainda que seu partido "enfrentará" qualquer nova violação por parte de Israel.

O primeiro-ministro Najib Mikati decretou luto nacional nesta sexta-feira, enquanto o ex-chefe do governo Saad Hariri, rival do Hezbollah, também condenou "essa explosão terrorista", que tem como objetivo "semear a discórdia no Líbano".

Este país vizinho da Síria está profundamente dividido entre os partidários do regime sírio, liderados pelo Hezbollah, e os opositores a Bashar al-Assad, liderados por Hariri. As divisões sobre a Síria aumentaram as tensões religiosas entre as comunidades xiitas e sunitas no país.

No Ocidente, o ministro britânico para o Oriente Médio, Alistair Burt, condenou o atentado, afirmando que "o terrorismo e o extremismo não têm lugar no Líbano".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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