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Oriente Médio

Atentado em Damasco; países ocidentais e árabes apoiam os rebeldes

23 jun 2013 - 09h10
(atualizado às 09h35)
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Um atentado sangrento atingiu neste domingo a capital síria, 24 horas depois de uma reunião do grupo dos "Amigos da Síria", que decidiu reforçar seu apoio à rebelião para reverter o equilíbrio de poder no campo de batalha.

"Um ataque terrorista foi realizado atrás de uma padaria no bairro de Ruknedin", indicou a televisão estatal síria, citando "vítimas civis" e usando a terminologia do regime de Bashar Al-Assad, que chama os rebeldes armados de "terroristas".

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), uma ONG com sede na Grã-Bretanha que obtém suas informações a partir de uma rede de ativistas e médicos no terreno, reportou três mortos e dez feridos em uma explosão, mas não especificou a sua origem.

Este ataque se produz em meio a ofensiva do Exército sírio, apoiado pelo movimento xiita libanês do Hezbollah, contra redutos de resistência rebeldes em Damasco e seus arredores.

Após uma semana em que a rebelião perdeu terreno, no sábado os principais países que apoiam a oposição decidiram aumentar sua ajuda aos insurgentes, com o fornecimento de armas para proteger os civis de ataques por parte do regime.

Ao final de uma reunião em Doha, 11 países do grupo dos "Amigos da Síria", entre os quais Estados Unidos, Grã-Bretanha e França, anunciaram a decisão de "fornecer, com urgência, todos os materiais e equipamentos necessários" à rebelião contra os "ataques brutais" do regime.

O grupo de "Amigos da Síria" afirmou que cada país poderá ajudar os insurgentes "a sua maneira", evitando, assim, a sensível questão da ajuda militar direta. Até o momento, a maior parte deste tipo de ajuda aos rebeldes veio da Arábia Saudita e Qatar.

Os participantes ressaltaram que "qualquer ajuda militar será canalizada" pelo Exército Sírio Livre (ESL), a principal força de oposição armada, para que não caia nas mãos de grupos extremistas.

O ministro das Relações Exteriores do Catar, sheik Hamad Bin Jasem Al Thani, declarou no sábado que os participantes tomaram "decisões secretas" para alterar o equilíbrio de poder na Síria, onde a violência causou mais de 93.000 mortos desde março de 2011, de acordo com as Nações Unidas.

Neste contexto, o presidente francês, François Hollande, declarou neste domingo em Doha, após uma reunião com Al Thani, que a França e o Qatar têm uma "abordagem comum" sobre o conflito sírio, e que o objetivo é "ajudar a oposição a se defender e ganhar posições no terreno, "sem excluir uma solução política".

Hollande também ressaltou a necessidade da oposição "retomar o controle" das regiões tomadas pelos extremistas, considerando que se esses grupos "se beneficiarem no futuro de uma situação de caso, será Assad que usará este pretexto para continuar os massacres".

Os "Amigos da Síria" também denunciaram "a intervenção do Hezbollah e de milícias do Irã e do Iraque, que ajudam o regime a reprimir o povo sírio", considerando que esta intervenção estrangeira "ameaça a unidade da Síria" e poderia fazer transbordar o conflito para além das suas fronteiras.

Em contrapartida, o Irã, fiel aliado de Bashar al-Assad, denunciou neste domingo a decisão dos "Amigos da Síria". "Aqueles que apoiam o envio de armas para a Síria são responsáveis pela matança de inocentes e a insegurança na região", disse Hossein Amir-Abdolahian, vice-ministro das Relações Exteriores.

"Em vez de enviar armas para a Síria, Washington deveria apoiar o fim da violência e o diálogo nacional para que os sírios decidam o seu futuro", acrescentou.

No sábado, o secretário de Estado americano, John Kerry, ressaltou que seu país continua a apoiar a realização da Conferência Internacional de Paz, Genebra 2, para encontrar uma solução política para o conflito. No entanto, considerou que os rebeldes precisam de mais apoio "para vir a Genebra" e reverter "o desequilíbrio no terreno".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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