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Oriente Médio

Atentado em Damasco, Hezbollah e Irã impedirão a queda do regime sírio

30 abr 2013 - 18h25
(atualizado às 18h38)
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O líder do movimento xiita libanês mencionou nesta terça-feira uma possível intervenção direta do Irã e do Hezbollah na Síria para impedir uma eventual queda do regime de Bashar al-Assad, em um dia marcado por um novo atentado em Damasco que deixou pelo menos 13 mortos.

"A Síria possui na região verdadeiros amigos que não permitirão que esse país caia nas mãos dos Estados Unidos, de Israel ou de grupos takfiri", disse Hassan Nasrallah, referindo-se aos extremistas sunitas, em declarações à rede de televisão Al-Manar, pertencente ao movimento.

"Especialistas iranianos estão na Síria há décadas, mas não forças militares iranianas, porque agora é o povo sírio que luta", ressaltou.

"Mas, se a situação se tornar mais perigosa, os Estados, movimentos de resistência e outras forças terão a obrigação de intervir de maneira eficaz nos confrontos no terreno", acrescentou.

Nasrallah admitiu também, pela primeira vez, o envolvimento de seus combatentes nos confrontos travados na região de Qoussair, no centro da Síria, e no reduto sagrado xiita de Sayeda Zeinab, a leste de Damasco.

Essas declarações foram feitas no momento em que o centro da capital síria foi sacudido por um novo atentado, 24 horas depois de a mesma área ter sido atingida por um ataque contra o primeiro-ministro Wael al-Halaqi.

"O covarde atentado terrorista executado contra o centro comercial e histórico de Damasco, no bairro de Marjeh, provocou, de acordo com um registro provisório, 13 mártires e mais de 70 feridos, alguns deles em estado crítico", afirmou no local o ministro do Interior Mohammad al-Chaar, que no passado ficou gravemente ferido em dois atentados.

Os atentados são "uma resposta às vitórias das forças sírias contra o terrorismo", acrescentou o ministro, citado pela rede de televisão oficial. O regime chama os rebeldes de "terroristas".

"O que fizemos de ruim? Eu seguia para o trabalho. Olhem os corpos. Esta é a liberdade que pedem?", perguntou um homem em uma entrevista exibida pelo canal estatal.

Vários veículos estavam em chamas. Os vidros do prédio do Ministério do Interior foram estilhaçados e o conjunto comercial Bourj Dismshiq ficou totalmente destruído.

Enquanto isso, a Rússia, principal aliada do regime de Bashar al-Assad, proibiu que aviões comerciais sobrevoem a Síria por tempo indeterminado, no dia seguinte a um incidente envolvendo uma aeronave russa que transportava 159 passageiros, que teria sido atacado com dois disparos de mísseis terra-ar.

No momento em que o debate sobre a utilização de armas químicas por parte do regime contra a população agita os ocidentais, o presidente americano Barack Obama adotou nesta terça-feira um tom mais prudente, ressaltando que os Estados Unidos podem reconsiderar sua política em relação à Síria, caso haja provas de que o regime de Damasco utilizou essas armas.

"Se de alguma maneira for possível estabelecer que não apenas os Estados Unidos, mas também a comunidade internacional, estão certos de que o regime de Assad está utilizando armas químicas, então haverá uma mudança de política", advertiu.

Obama alertou, no entanto, para a tomada de decisões precipitada sem que haja fatos precisos e concretos.

A ONU ainda não recebeu do governo sírio o sinal verde necessário para que uma equipe de especialistas investigue no terreno a eventual utilização de armas químicas no conflito, indicou nesta terça o porta-voz da ONU, Martin Nesirky.

Enquanto isso, o jornalista italiano Domenico Quirico, que trabalha para o jornal italiano La Stampa, está desaparecido há 20 dias na Síria.

Ele havia entrado no país procedente do Líbano no dia 6 de abril.

Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), sete jornalistas são considerados desaparecidos na Síria, enquanto outros 23 foram mortos desde o início do conflito, em março de 2011, assim como pelo menos 58 cidadãos-jornalistas.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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