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Oriente Médio

Atentado deixa mais de 50 feridos em bairro xiita de Beirute

9 jul 2013 - 20h04
(atualizado às 20h25)
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Mais de 50 pessoas ficaram feridas, duas delas em estado grave, na explosão de um carro-bomba nesta terça-feira em um estacionamento em um bairro xiita do sul de Beirute, no incidente mais grave neste reduto do Hezbollah desde a sua entrada na guerra na Síria.

Segundo um registro definitivo, 53 pessoas ficaram feridas, mas apenas 12 permanecem hospitalizadas. Duas tiveram que ser operadas", afirmou à AFP o ministro da Saúde libanês Ali Hassan Khalil.

"Às 11h15 (05h15 de Brasília), um carro-bomba explodiu em um estacionamento perto de uma cooperativa comercial chamada Centro de Cooperação Islâmica, em Bir al-Abed, um reduto do movimento xiita Hezbollah", afirmou uma fonte militar.

Esta explosão é o maior desafio ao Hezbollah desde o seu envolvimento direto na guerra síria ao lado das forças do regime de Bashar al-Assad. No dia 26 de maio, quatro pessoas ficaram feridas na queda de dois foguetes no subúrbio sul de Beirute.

Segundo um fotógrafo da AFP, ambulâncias e caminhões dos bombeiros foram para o local do atentado. Uma espessa fumaça escura podia ser vista sobre o bairro.

"Ouvi uma forte explosão. Todos entraram em pânico. As pessoas gritavam, meus funcionários correram para o local da explosão porque eles têm familiares lá", disse Carole Mansur, proprietária de uma fábrica de calçados próxima do local do ataque.

"Não posso acreditar que tenham feito algo assim no primeiro dia do Ramadã", completou, se referindo ao mês de jejum muçulmano.

Esta terça-feira é o primeiro dia do Ramadã para uma parte dos xiitas no Líbano. O jejum começa na quarta-feira para os sunitas e na quinta para o restante dos xiitas.

Pouco depois da explosão, civis do movimento xiita libanês Hezbollah seguiram para o local.

"Perguntei a um açougueiro se ele fecharia sua loja, mas ele respondeu que 'não era nada comparável a 2006, apenas uma pequena explosão. Nós queremos viver", contou Mansour.

No verão de 2006, o bairro foi parcialmente destruído durante a guerra travada por 34 dias entre o Hezbollah e Israel.

O presidente libanês, Michel Suleiman, e os dois ex-primeiros-ministros sunitas Najib Maikati e Saad Hariri condenaram o atentado.

Já o ministro do Interior, Marwan Charbel, que se dirigiu ao local, foi recebido por pessoas furiosas que o xingaram e jogaram pedras em sua direção.

O atentado ocorreu em um momento de extrema tensão no Líbano.

Homens armados atiraram para o alto no bairro sunita de Bab al-Tabaneh, em Trípoli, norte do país, para "comemorar" o atentado em Bir al-Abed, e o Exército atuou para restabelecer a calma.

A guerra na Síria dividiu os libaneses entre partidários e críticos ao presidente sírio, Bashar al-Assad, aumentando a tensão religiosa.

Os xiitas, liderados pelo Hezbollah, são favoráveis ao regime sírio, enquanto os sunitas, que constituem a maioria da população na Síria, apoiam a oposição.

No bairro xiita, as acusações imediatamente recaíram sobre Israel, e o ministro israelense da Defesa, Moshé Yaalon, afirmou que seu país não estava envolvido no atentado que resulta, segundo ele, da "luta entre xiitas e sunitas".

A Coalizão Opositora síria, hostil ao Hezbollah, condenou o ataque. "Atingir civis é um ato criminoso que se opõe aos ideais e princípios da revolução", declarou em um comunicado.

Estados Unidos e França também condenaram com veemência o atentado. O governo francês reiterou "seu compromisso com a estabilidade do Líbano e sua rejeição ao terrorismo", enquanto Washington manifestou seu firme apoio "aos esforços das forças de segurança libanesas para restabelecer a estabilidade e manter a calma em Beirute e em todo o Líbano".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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