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Oriente Médio

Ataques de Israel matam 29 em Gaza em meio a esforços por trégua

18 nov 2012 - 20h46
(atualizado às 21h50)
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Vinte e nove palestinos, em sua maioria mulheres e crianças, foram mortos neste domingo, dia mais violento da ofensiva israelense lançada há cinco dias contra Gaza, enquanto os esforços por uma trégua se intensificavam.

Estudante de universidade palestina atira pneu em chamas durante confronto com soldados israelenses na cidade de Beitunia
Estudante de universidade palestina atira pneu em chamas durante confronto com soldados israelenses na cidade de Beitunia
Foto: AFP

Enquanto o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, previa que Israel estava preparado para "estender significativamente" suas operações, referindo-se a uma ofensiva terrestre, o presidente americano, Barack Obama, e o ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, pareciam tentar dissuadi-lo.

Desde o início da ofensiva israelense "Pilar de defesa" com o assassinato do chefe de operações militares do Hamas, Ahmad Jaabari, na quarta-feira em Gaza, 78 pessoas morreram, sendo 75 palestinos e três israelenses.

Neste domingo, 11 palestinos, incluindo quatro mulheres e cinco crianças, e nove membros de uma mesma família, foram mortos à tarde em um ataque aéreo que destruiu um prédio de três andares do bairro de Nasser (norte), na cidade de Gaza.

"Israel, o que as crianças e os recém-nascidos fizeram?", perguntava indignado Khalil al-Dallou, que chorava copiosamente pela morte de seu primo Mohamed, de 35 anos. "O massacre da família Dallou não ficará impune", advertiram as Brigadas Ezzedine al-Qassam, braço armado do movimento Hamas que governa a Faixa de Gaza.

"Este massacre mostra que o ocupante se vinga de seu fracasso militar atacando civis. Os israelenses vão pagar", afirmou Sami Abu Zuhri, porta-voz do movimento. Durante a noite, seis palestinos morreram em novos bombardeios israelenses contra a Faixa de Gaza, incluindo uma criança de 6 anos, de acordo com fontes de saúde palestinas.

Dois homens foram mortos em um carro em um ataque no norte da cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Uma mulher de 60 anos foi morta quando sua casa, também em Rafah, foi atingida por bombas israelenses.

Pouco antes, Achraf al-Qudra, porta-voz do Ministério da Saúde do governo do Hamas, informou que dois palestinos tinham morrido em um ataque aéreo israelense na Cidade de Gaza. O ataque atingiu o bairro de Tal al-Hawa, indicou Al-Qudra.

E mais uma jovem vítima palestina foi registrada neste domingo. Hussein Jalal, um menino de 6 anos, perdeu a vida na noite deste domingo quando sua casa em Jabaliya, no norte da Faixa de Gaza, foi atingida em um ataque israelense.

À tarde, seis homens morreram em uma série de ataques israelenses contra o norte e o centro do território palestino. De manhã, seis palestinos, incluindo quatro crianças, foram mortos, incluindo um casal de irmãos de 3 e 1 ano no norte, assim como uma criança de 18 meses, no centro.

Depois da sede do governo do Hamas, completamente destruída no sábado, a aviação israelense atacou dois centros de imprensa em Gaza, ferindo pelo menos oito jornalistas palestinos. Do lado israelense, pelo quarto dia consecutivo, as sirenes de alerta soaram em Tel Aviv. A polícia anunciou em seguida que dois foguetes tinham sido interceptados pelo sistema antimísseis "Iron Dome".

Mais da metade dos palestinos mortos é de civis, segundo fontes médicas e das organizações de defesa dos direitos humanos. Os três israelenses, todos civis, morreram na quinta-feira atingidos por um disparo de foguete no sul de Israel.

É "preferível" evitar uma operação terrestre Pelo menos 846 foguetes foram disparados desde quarta-feira em direção a Israel, sendo que 302 foram interceptados pelo sistema antimísseis "Iron Dome", segundo o Exército israelense.

Israel mobilizou milhares de reservistas e deslocou blindados de transportes de tropas, bulldozers e tanques na fronteira para a Faixa de Gaza. O presidente americano reafirmou que "Israel tem o direito de esperar que mísseis não sejam disparados contra seu território". "Se isso puder ser resolvido sem a ampliação das atividades militares em Gaza, é preferível", acrescentou em Bangcoc.

Londres já tinha alertado que uma operação terrestre poderia "custar" a Israel "grande parte" de seu apoio internacional. Hague considerou que isso "ameaçaria prolongar o conflito". O ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, afirmou neste domingo em Tel Aviv que "é preciso intervir com urgência" para obter um cessar-fogo entre Israel e os grupos armados palestinos da Faixa de Gaza.

"A guerra não é uma opção. Nunca é uma solução. É preciso intervir com urgência. Há duas palavras-chave: urgência e cessar-fogo", declarou Fabius durante uma entrevista coletiva à imprensa em Tel Aviv ao final de um dia de visitas a autoridades de Israel e ao presidente palestino, Mahmud Abbas.

Já Abbas pediu neste domingo aos palestinos que se manifestem pacificamente contra a "agressão israelense em Gaza". Uma autoridade israelense foi neste domingo ao Cairo para discutir uma trégua.

Um alto funcionário do Hamas em Gaza, Ahmed Yussef, indicou que o movimento quer "o fim do bloqueio injusto a Gaza e o fim das frequentes agressões e assassinatos israelenses". O presidente egípcio, Mohamed Mursi, havia se mostrado otimista no sábado, mencionando contatos com os dois lados e "algumas indicações sobre a possibilidade de um cessar-fogo em breve".

"Pilar de defesa" é a mais vasta operação israelense contra Gaza desde a ofensiva devastadora de dezembro de 2008 - janeiro de 2009, que apenas causou a suspensão temporária dos disparos de foguetes.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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