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Oriente Médio

Assumir uma posição na questão Síria é um dilema para Israel

3 mai 2013 - 12h19
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O dilema de Israel ao tentar formular uma estratégia para a Síria, há dois anos em meio a uma guerra civil, é simbolizado por um caso em andamento em uma pequena corte perto de Telaviv.

O Estado está processando um árabe israelense que por um curto período se uniu às forças rebeldes que tentam derrubar o presidente da Síria, Bashar al-Assad.

Preso ao retornar para Israel, Hikmat Massarwa, um padeiro de 29 anos, está sendo acusado de treinamento militar, ter contatos com agentes estrangeiros e viajar para uma nação hostil.

O julgamento toca nas perguntas que estão no ar, sobre quem, se é que há alguém, Israel apoia na guerra e se os rebeldes vão se tornar amigos ou inimigos do país.

O promotor na cidade de Lod está tentando apresentar Massarwa como tendo se aliado aos inimigos de Israel, mas o juiz Avraham Yaakov busca mais esclarecimentos. "Não há uma orientação oficial com relação aos rebeldes combatendo na Síria", disse ele em uma audiência recente.

As questões eram mais simples nas décadas de poder inquestionável da família Assad na Síria.

Tecnicamente, Israel está em guerra com a Síria, seu vizinho ao norte. Os israelenses tomaram as Colinas do Golã durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, construíram ali assentamentos judaicos e anexaram o território. Mas conflitos nessa área eram raros e a fronteira permaneceu amplamente tranquila por décadas.

A Síria de Assad é parte do chamado Eixo de Resistência, também integrado pelo Irã e o grupo libanês Hezbollah, ambos arquiinimigos do Estado judaico, mas a Síria evitou o conflito aberto.

Israel demorou para dar as boas-vindas ao levante contra o Assad quando irrompeu em março de 2011. Embora alguns líderes peçam a derrubada dele, os governantes agora se preocupam com o que poderia acontecer depois.

"A questão para nós não é mais se é bom ou não se Assad se mantiver no poder, mas como poderemos controlar os nossos interesses nesta situação obscura, dividida, que pode durar décadas", disse Ofer Shelah do partido Atid Yesh, que faz parte da coalizão de governo.

O dilema ficou mais agudo depois que militantes islamistas ligados à rede Al Qaeda assumiram um papel de destaque nos planos de combate dos rebeldes.

Os israelenses acreditam que um em cada dez rebeldes seja um jihadista (combatente islâmico) que poderá voltar sua arma para eles tão logo Assad se vá. Eles também temem que a guerrilha do Hezbollah, aliada a Assad, possa se apoderar do arsenal de armas químicas e outros armamentos avançados dos sírios.

Por isso, Israel tem agido com cautela em relação à Síria. Autoridades dizem que Israel também tem mantido frieza em relação às propostas ocidentais de aumentar a ajuda aos rebeldes sírios para que possam se equiparar às forças armadas de Assad.

Uma autoridade israelense disse à Reuters que responde a todas as sugestões de um papel militar estrangeiro na questão síria com a pergunta: "Você realmente sabe em nome de quem você estará intervindo?"

Mas agora que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu comanda uma nova coalizão de direita e os militares israelenses sobrecarregados por terem de manter vigília em várias frentes -incluindo o Egito governado por islamistas- a mensagem está longe de ser uniforme.

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