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Oriente Médio

Assad critica árabes e sugere conspiração contra a Síria

10 jan 2012 - 07h15
(atualizado às 11h08)
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O presidente da Síria, Bashar al-Assad, voltou a público nesta terça-feira, adotando a ofensiva contra seus vizinhos árabes e reafirmando a força e a legitimidade do seu governo. Em um discurso na Universidade de Damasco, o líder criticou a Liga Árabe (organização das nações árabes que enviou uma missão para observar os protestos e a repressão na Síria), sugerindo existir uma conspiração externa para desestabilizar e assustar a Síria.

Assad discursa na Universidade de Damasco; para o líder sírio, há um esforço para desestabilizar o país
Assad discursa na Universidade de Damasco; para o líder sírio, há um esforço para desestabilizar o país
Foto: AFP

"Países árabes estão pedindo reformas democráticas na Síria como um médico que, com um cigarro na boca, pede ao seu paciente que pare de fumar", disse, deixando claro que as nações vizinhas sempre foram contrárias à Síria. Ele também citou a possibilidade de a Síria ser desligada da Liga Árabe. "Quem perderia mais, a Síria ou a Liga?", provocou, garantindo que seu país permanecerá "livre, forte e independente".

O discurso - o primeiro feito em público desde junho - representa mais uma tentativa de Assad mostrar ao mundo que ainda se mantém forte à frente do governo em Damasco depois de mais de dez meses da insurreição interna que já deixou, segundo estimativas da ONU, mais de 5 mil mortos.

Além dos vizinhos árabes, Assad também tratou de acusar os meios de comunicação de "incessantemente" tentar fazer com que a Síria caia. "Apesar do fracasso, não se dão por vencidos", disse. "Tentaram atingir o líder falsificando minha entrevista ao canal americano ABC", afirmou em referência a uma entrevista concedida em dezembro à emissora de televisão, que teria, segundo afirmou, alterado ¿deliberadamente¿ suas declarações para apresentar o país sob um ângulo negativo.

Assad reafirmou não haver ordens para atirar contra civis, com exceção de casos em que manifestantes armadas estejam desrespeitando as leis do país. "Nenhuma autoridade deu ordem alguma para abrir fogo contra os manifestantes. Governo com a vontade do povo e, se renunciar ao poder, também será pela vontade do povo", completou, afirmando que, se os sírios permanecerem firmes, a "vitória estará próxima".

Além dos ataques à Liga Árabe e à imprensa internacional, Assad sinalizou que Damasco estaria trabalhando em uma nova Constituição em busca da "pluralidade" e na realização de um referendo para ratificar a nova Carta Magna, provavelmente em março. "Quando a comissão sobre a nova Constituição encerrar seus trabalhos, acontecerá um referendo na primeira semana de março", afirmou Assad. "Esta consulta poderá ser seguida por eleições gerais em maio, já com a nova Carta Magna em vigor", completou.

Enquanto cada trecho do discurso de Assad - mostrado ao vivo pela TV síria - era aplaudido pelos presentes no auditório da Universidade de Damasco, imagens da rede árabe Al Jazeera mostravam protestos contra o regime sírio na cidade de Daraa.

Fonte: Terra
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