PUBLICIDADE

Oriente Médio

Assad cita efeito dominó no Oriente Médio e violência prossegue na Síria

6 abr 2013 - 10h55
Compartilhar

O presidente sírio, Bashar al-Assad, que enfrenta uma rebelião há dois anos, advertiu que uma queda de seu regime teria um "efeito dominó" no Oriente Médio e desestabilizaria esta região "por longos anos", enquanto a violência não dá trégua no país.

"Todos sabem que se houver uma divisão na Síria, ou se as forças terroristas tomarem o controle do país, haverá um contágio direto para os países vizinhos", disse à rede turca Ulusal e ao jornal Aydinlik, em uma entrevista divulgada na íntegra na página da Presidência no Facebook.

"Depois, haverá um efeito dominó até em países distantes do Oriente Médio, a oeste, a leste, ao norte, ao sul. Isso significa que haverá instabilidade durante longos anos, até décadas", alertou.

No país, pelo menos cinco civis morreram e vários ficaram feridos em um ataque da aviação síria contra o bairro de maioria curda Sheikh Maqsud na cidade de Aleppo (norte), informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

A área atacada é controlada pelo Partido da União Democrática (PYD), o braço sírio do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, Curdistão turco).

"Está claro que o exército decidiu atacar os curdos nos últimos dias. O exército quer arrastar o PYD ao conflito sírio", destacou o OSDH.

A aviação também bombardeou dois bairros de Damasco, Al Hajar al-Aswad e Qadam, segundo a mesma ONG.

Os ataques também afetaram Yabrud, perto de Damasco, e Quseir, na província de Homs.

De acordo com a ONU, mais de 70.000 pessoas morreram na Síria desde o início da revolução em março de 2011.

O presidente Barack Obama receberá em abril e maio vários dirigentes de países do Oriente Médio aliados dos Estados Unidos, entre eles o primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan e o rei Abdullah II da Jordânia, para conversar em particular sobre a Síria, anunciou a Casa Branca na sexta-feira.

A Síria também estará na agenda de discussões entre Obama e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, na próxima quinta-feira em Washington.

A entrevista foi realizada na terça-feira e trechos foram divulgados durante vários dias na página da Presidência síria no Facebook.

Nos primeiros trechos divulgados esta semana, Assad acusou o primeiro-ministro turco Erdogan, que apoia a rebelião síria, de ter mentido sobre o conflito na Síria, que deixou, segundo a ONU, mais de 70.000 mortos em dois anos.

Assad criticou fortemente Erdogan, chamando-o de "idiota" e de "imaturo".

"O incêndio na Síria vai se propagar para a Turquia. Infelizmente (Erdogan) não vê esta realidade", afirmou o presidente Assad. "Erdogan trabalha com Israel para destruir a Síria (...), mas o Estado sírio não caiu e os sírios resistiram".

"O governo turco contribui de maneira direta para matar o povo sírio (...) Erdogan tenta reproduzir o passado negro entre árabes e turcos", acrescentou Assad, referindo-se ao Império Otomano, que dominou vastas regiões árabes durante quatro séculos.

"Não devemos permitir que líderes idiotas e imaturos destruam esta relação" entre turcos e árabes, disse, ainda em alusão a Erdogan.

Ele também afirmou que a Liga Árabe "não tem legitimidade", reagindo à decisão da organização pan-árabe de atribuir o assento da Síria à oposição.

"A verdadeira legitimidade não é concedida por organizações ou por autoridades no exterior ou por outros países... A legitimidade é aquela que você confere ao povo", disse Assad, que se recusa a deixar o poder e identifica os rebeldes que querem a queda de seu regime como "terroristas".

Ele condicionou a abertura de um diálogo com a oposição à não ingerência externa. "Deve ser um diálogo entre os sírios, sem ingerência externa. É a única linha vermelha. Este país pertence a todos os sírios, eles podem discutir o que quiserem", afirmou.

O líder da Coalizão opositora, Ahmed Moaz al-Khatib, se disse preparado no fim de janeiro para realizar negociações diretas com representantes do regime tendo como único objetivo a saída Assad. Ele afirmou depois que o regime tinha fechado a porta a essas negociações ao manter os bombardeios em toda a Síria.

O presidente Assad também criticou a Irmandade Muçulmana da Síria, o mais influente integrante da oposição. "De nossa experiência com eles durante 30 anos, sabemos que são oportunistas que utilizam a religião para alcançar objetivos pessoais", disse.

A Irmandade Muçulmana lutou contra o regime de Hafez al-Assad, pai de Bashar, em um levante ocorrido nos anos 1980 que foi brutalmente reprimido, com dezenas de milhares de mortos em Hama (centro) em 1982.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
Compartilhar
Publicidade