Ashton pede retomada de negociações entre Palestina e Israel
A alta representante de Política Externa e Segurança da União Europeia, Catherine Ashton, visitou nesta terça-feira Israel e os territórios palestinos como parte de sua viagem pelo Oriente Médio que coincide com momentos de grande incerteza política na região.
Em uma visita de menos de 24 horas, Ashton seguiu uma acirrada agenda, encontrando-se com o presidente palestino, Mahmoud Abbas e o primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Salam Fayyad, além de Benjamin Netanyahu e Avigdor Lieberman, respectivamente chefe de governo e ministro de Relações Exteriores de Israel.
A visita faz parte de uma viagem mais ampla ao Oriente Médio, na qual Ashton já foi à Tunísia (onde se encontrou com as novas autoridades do país) e ainda deverá ir a Beirute (Líbano) e Amã (Jordânia).
Em seus encontros com as autoridades israelenses e palestinas, Ashton pediu às partes a retomada do processo de paz que foi iniciado em setembro do ano passado com mediação americana e ficou estagnado em cerca de um mês devido à recusa israelense em frear a expansão das colônias judias no território palestino ocupado da Cisjordânia, informaram fontes da delegação europeia.
Os palestinos abandonaram o diálogo (que tinha como objetivo a chegada de um acordo em um ano para a solução do conflito e a criação de um Estado palestino independente) após o reinício dos trabalhos de construção nas colônias em 27 de setembro.
Os palestinos não atenderam desde então aos apelos israelenses e da comunidade internacional para reiniciá-lo.
A chefe da diplomacia europeia também debateu com os líderes regionais sobre as mudanças políticas que estão acontecendo no Oriente Médio e o rumo que poderão tomar.
Os dirigentes israelenses advertiram reiteradamente sobre o risco que a mudança de regime no Egito e um aumento do radicalismo islâmico na região ponham em perigo o tratado de paz assinado em 1979 com Israel.
Segundo a agência de notícias palestina Wafa, o presidente Abbas reiterou a Ashton sua recusa em retornar à mesa de diálogo enquanto prosseguir a atividade nos assentamentos judaicos em território ocupado.
A alta representante, por sua vez, confirmou ao presidente palestino o compromisso europeu com o apoio ao desenvolvimento das instituições que permita levar à criação de um Estado palestino viável.
O primeiro-ministro Fayyad também pediu a Ashton que a União Europeia exija a Israel que cumpra as leis internacionais e ponham fim à ocupação que é, a seu entender, "o elemento de maior instabilidade na região", informou a agência.
Fayyad enfrenta atualmente a tarefa de formar um novo governo que incorpore representantes das distintas facções políticas palestinas, cuja principal preocupação será a organização de eleições legislativas e presidenciais convocadas para setembro deste ano.
Por outro lado, em seu encontro com a alta representante, o ministro israelense Lieberman pediu à UE que, antes de exigir a Israel a resolução de seu conflito com os palestinos, a comunidade internacional resolva o problema do Irã, informa a imprensa local.
Lieberman se queixou a Ashton que a comunidade internacional "não entende um problema e uma ameaça que afeta a região e o mundo inteiro", um fato que considera "inaceitável", ao entender que a verdadeira urgência está no debate sobre o programa nuclear do Irã.
"Por favor, tentem resolver este problema primeiro, e então nossa disposição em assumir riscos na solução do problema palestino será maior", disse o israelense a Ashton.