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Oriente Médio

Arábia Saudita, Bahrein e Sudão rompem relações com Irã

3 jan 2016 - 20h14
(atualizado em 4/1/2016 às 13h15)
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Com cartazes e retratos, manifestantes iranianos protestaram contra a execução de Nimr Baqir al Nimr
Com cartazes e retratos, manifestantes iranianos protestaram contra a execução de Nimr Baqir al Nimr
Foto: EFE

O governo da Arábia Saudita decidiu neste domingo (3) romper relações diplomáticas com o Irã após o ataque no sábado (2) à noite à embaixada saudita em Teerã e em seu consulado na cidade de Mashhad, anunciou o ministro de Relações Exteriores, Adel al Yubeir. Já nesta segunda, foi a vez do governo do Bahrein fazer o mesmo e dar 48 horas de prazo para que os diplomatas iranianos abandonem o país, segundo informou a agência oficial bareinita de notícias BNA. O exemplo foi seguido mais tarde pelo governo do Sudão.

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Além dos três países que romperam as relações, os Emirados Árabes também demonstraram insatisfação: o governo anunciou a diminuição de sua representação diplomática no Irã, segundo informou a agência oficial notícias do país, WAM. De acordo com o texto, o embaixador em Teerã, Saada Seif al Zaadi, irá voltar a seu país e a representação ficará reduzida a um escritório encarregado de negócios. O governo disse que esta "medida excepcional" responde à "ingerência contínua iraniana nos assuntos internos dos países árabes do Golfo, que chegou a níveis sem precedentes".

Arábia rompe com Irã

Em entrevista coletiva, o ministro de Relações Exteriores, Adel al Yubeir, acrescentou que o embaixador iraniano em Riad tem 48 horas para sair da Arábia Saudita. O ataque as delegações diplomáticas sauditas no Irã aconteceu horas depois de as autoridades de Riad executarem o proeminente clérigo e dirigente xiita, Nimr Baqir al Nimr, e outros 46 réus condenados à morte, o que provocou as críticas de boa parte da comunidade xiita. Além disso, Yubeir acusou o "discurso oficial iraniano de ser o instigador dos ataques".

O ministro acrescentou que o Irã tem um histórico de não respeitar as missões diplomáticas desde a invasão da embaixada americana em 1979. Segundo ele, o Irã representa um refúgio seguro para os líderes da Al Qaeda desde 2001. Yubeir afirmou também que o regime iraniano está envolvido em contrabando de armas e explosivos aos países na região para desestabilizar sua segurança.

Com cartazes e retratos, manifestantes iranianos protestaram contra a execução de Nimr Baqir al Nimr
Com cartazes e retratos, manifestantes iranianos protestaram contra a execução de Nimr Baqir al Nimr
Foto: EFE

A execução de Al Nimr pelas autoridades de Riad aumentou a tensão entre Arábia Saudita, por um lado, e Irã e os xiitas do Oriente Médio do outro, que já se enfrentam em vários conflitos na região.

No Irã, o líder supremo Ali Khamenei, condenou a morte do clérigo xiita dissidente e afirmou que os políticos sauditas pagarão por isso. Khamenei disse que, "sem dúvidas, o injusto derramamento do sangue deste mártir inocente atuará de forma rápida e os políticos sauditas enfrentarão um castigo divino", assinalou em seu site oficial. Também choveram críticas desde as comunidades xiitas de países como Iraque, Iêmen, Líbano e Bahrein, assim como de organizações como a Anistia Internacional.

Al Nimr foi executado ontem, depois de a Corte Suprema confirmar sua condenação à pena de morte em outubro, por desobedecer as autoridades e instigar a violência sectária. O clérigo foi detido em julho de 2012 por várias causas, entre elas por apoiar células terroristas e os distúrbios contra as autoridades sauditas que explodiram em fevereiro de 2011 na província de Al Qatif, no leste do país, de maioria xiita.

Além disso, as autoridades sauditas executaram também no mesmo dia outras 46 pessoas condenadas por pertencer a grupos terroristas e cometer ataques no reino.

Com cartazes e retratos, manifestantes iranianos protestaram contra a execução de Nimr Baqir al Nimr
Com cartazes e retratos, manifestantes iranianos protestaram contra a execução de Nimr Baqir al Nimr
Foto: EFE

Bahrein também rompe relações

O governo do Bahrein explicou em comunicado que tomou esta decisão em resposta "à flagrante e perigosa ingerência" do Irã nos assuntos internos do Bahrein e dos demais países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), integrado pelos seis países árabes da zona, incluída a Arábia Saudita.

Manama denunciou os "ataques covardes" contra a Embaixada saudita em Teerã e o consulado de Mashhad (Irã), que são "um reflexo das políticas sectárias" iranianas e que é preciso "enfrentar isso com toda a força" para "preservar a segurança e a estabilidade" da região.

Sudão rompe com Irã "em solidariedade" à Arábia

O Ministério das Relações Exteriores sudanês anunciou que rompe as relações diplomáticas com o Irã "de forma indireta" e "em solidariedade com o Reino da Arábia Saudita", informou a agência oficial de notícias Sunna. Em comunicado, o Departamento das Relações Exteriores explicou que por trás desta decisão está o "ataque brutal à embaixada saudita em Teerã e seu consulado em Mashhad", que ocorreram na noite de sábado. Além disso, pediu ao embaixador iraniano em Cartum que abandone o país, com todos os membros da missão diplomática, e retirou o embaixador sudanês no Irã.

O Ministério condenou as "intervenções iranianas na região" baseadas no sectarismo e a "negligência do governo iraniano" nos ataques às legações diplomáticas sauditas, qualificando de "prática hostil e extremista".

O Sudão se uniu em março à coalizão árabe liderada por Riad que intervém no Iêmen contra os rebeldes xiitas e em 2014 fechou os centros culturais iranianos no país, em uma tentativa de limitar a influência de Teerã.

Com cartazes e retratos, manifestantes iranianos protestaram contra a execução de Nimr Baqir al Nimr
Com cartazes e retratos, manifestantes iranianos protestaram contra a execução de Nimr Baqir al Nimr
Foto: EFE
EFE   
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