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Oriente Médio

Antes do início, israelenses e palestinos contestam negociação nos EUA

29 jul 2013 - 10h19
(atualizado às 10h54)
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Autoridades israelenses e palestinas apresentaram formatos conflitantes para as negociações de paz a serem retomadas na segunda-feira em Washington. O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, pretende reunir os negociadores nas noites de segunda e na terça-feira para reiniciar um processo de paz abandonado em 2010 devido à insistência de Israel em ampliar assentamentos na Cisjordânia ocupada.

Nas frustradas tentativas anteriores de resolver o conflito, as questões mais simples eram discutidas antes, deixando as mais espinhosas - como o status de Jerusalém e o futuro dos refugiados palestinos - para mais tarde. Desta vez, "todas as questões que estão no centro de um acordo permanente serão negociadas simultaneamente", disse o ministro israelense Silvan Shalom, do partido direitista Likud, à Rádio do Exército de Israel.

Os palestinos, com apoio internacional, querem que seu futuro Estado tenha fronteiras semelhantes às que vigoravam antes do avanço territorial de Israel na guerra de 1967 - o que abrange a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e a adjacente Jerusalém Oriental.

Yasser Abed Rabbo, alto funcionário da Organização para a Libertação da Palestina, disse que o convite dos EUA não informava quais disputas seriam discutidas, mas ele afirmou à rádio Voz da Palestina que a discussão "irá começar, em princípio, com as questões de fronteiras e segurança".

Netanyahu resiste aos apelos dos palestinos para que aceite de antemão as fronteiras pré-1967. Shalom disse que essa posição israelense contribuirá para que as negociações, programadas para durarem nove meses, sejam abrangentes. "Se a questão das fronteiras e territórios fosse cedida, que incentivo eles (palestinos) teriam para fazer concessões na questão dos refugiados ou de Jerusalém?", argumentou.

Israel considera Jerusalém inteira como sua capital "eterna e indivisível", status que não é reconhecido internacionalmente. Além disso, o país pretende preservar alguns blocos de assentamentos na Cisjordânia.

O outro ponto complicado é o destino dos refugiados palestinos da guerra de independência de Israel, em 1948, junto com seus milhões de descendentes, que reivindicam o direito de voltar às suas terras. Os israelenses dizem que isso seria um suicídio demográfico, e que os refugiados precisam se instalar na futura Palestina ou em outro lugar. O governo israelense diz que qualquer acordo precisará resguardar a segurança do Estado judeu, e Kerry também descreve isso como uma prioridade.

Abed Rabbo disse que Israel e os EUA têm discutido a questão da segurança sem consultar os palestinos. "Essa é uma grande deficiência no comportamento israelense e americano, porque eles não estão discutindo sua segurança bilateral, estão discutindo uma questão central e fundamental para nós, e ela diz respeito ao nosso futuro como um todo", afirmou.

Após meses de intensa e discreta mediação, Kerry anunciou no dia 19 em Amã, na Jordânia, que as partes haviam estabelecido as bases para a retomada das negociações sobre o chamado "status final" das questões pendentes. "As reuniões em Washington marcarão o início dessas discussões", disse Jen Psaki, porta-voz de Kerry. "Elas vão servir como oportunidade para desenvolver um plano de trabalho regimental a respeito de como as partes podem proceder com as negociações nos próximos meses."

Num gesto de boa vontade para a retomada do diálogo, o governo israelense aprovou no domingo a libertação gradual de 104 palestinos presos em Israel.

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