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Oriente Médio

Anistia e HRW pedem resolução firme da ONU sobre a Síria

15 fev 2012 - 18h28
(atualizado às 18h35)
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As ONGs Anistia Internacional e Human Rights Watch enviaram nesta quartafeira uma carta aos 193 países membros da Assembleia Geral da ONU para pedir uma resolução firme contra a repressão na Síria, onde calculam que 607 pessoas morreram desde o dia 3 de fevereiro.

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Uma votação, de caráter mais simbólico, está prevista para quinta-feira na Assembleia, sobre uma resolução que, entre outras coisas, pede ao regime sírio o fim da repressão contra os civis.

Em sua carta, ambas as ONGs pedem que a Assembleia Geral condene as violações dos direitos humanos por parte das autoridades sírias (e) destaque a necessidade de pôr fim à impunidade dos responsáveis por esses atos.

A Anistia e a Human Rights Watch (HRW) argumentam que o duplo veto emitido por Rússia e China na votação de uma resolução no Conselho de Segurança dia 4 de fevereiro, "encorajou o governo sírio" a dar continuidade à repressão. "Por isso é indispensável que a Assembleia Geral diga forte e claro que a grande maioria dos países não abandonaram o povo sírio".

"Segundo informações obtidas em campo pela Anistia Internacional, pelo menos 607 pessoas foram assassinadas na Síria desde o dia 3 de fevereiro, das quais 377 na cidade de Homs (centro)", diz a carta.

Entre as vítimas estão numerosas crianças, destacam as duas organizações de defesa dos direitos humanos, detalhando que a Anistia Internacional recebeu os nomes de 375 crianças assassinadas desde o começo da repressão em março de 2011, e que desde o dia 3 de fevereiro, foram assassinadas 45 crianças, entre elas, 29 em Homs.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores - já organizados e dispondo de um exército composto por desertores das forças de Assad -, sem surtir efeito. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, o as forças de Assad investiram contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. A ONU estima que pelo menos 5 mil pessoas já tenham morrido na Síria.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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