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Oriente Médio

Amplitude da crise humanitária na Síria supera as piores previsões

18 abr 2013 - 09h55
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A amplitude da crise na Síria e nos países vizinhos que acolhem mais de 1,3 milhão de refugiados sírios superou as piores previsões e está "fora de proporção" com relação à capacidade das agências humanitárias para socorrer as vítimas, disse nesta quinta-feira um responsável da ONU.

"Estamos falando de 8 mil refugiados sírios (que escapam para algum dos países vizinhos) por dia, de mais e mais pessoas deslocadas e que precisam de ajuda dentro do país, de necessidades que aumentam hora a hora", disse em Genebra o alto comissário para os Refugiados, Antonio Guterres.

Os chefes das agências humanitárias das Nações Unidas que operam dentro e fora da Síria para aliviar as consequências da guerra civil sobre a população se reuniram em Genebra para agradecer uma contribuição de US$ 275 milhões do Kuwait para que continuem este trabalho.

Outros US$ 25 milhões serão destinados pelo Governo do Kuwait ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que mantém atividades- em colaboração com a Meia Lua Vermelha Árabe Síria - em algumas das zonas mais violentas do país.

Com esta doação, a ONU conseguirá cobrir apenas metade do pedido de US$ 1,5 bilhão para suas atividades na Síria, que no começo do ano vários países prometeram financiar em sua totalidade, um compromisso que até o momento não foi cumprido.

Guterres advertiu sobre o caos sem saída no qual se transformou a Síria, mas disse que a situaçao pode ser ainda pior e a comparou com algumas das piores tragédias humanitárias que o mundo foi testemunha nas últimas décadas.

A evolução diária do conflito sírio tem invalidado as previsões do Acnur com relação ao número de refugiados sírios na Jordânia, Turquia, Líbano e Irã, que em janeiro considerava que podiam chegar a 1,1 milhão de pessoas neste ano.

Esse número foi amplamente superado na primeira metade deste mês, com 1,35 milhão de refugiados.

Com estas vítimas de guerra é preciso contribuir com alojamento, alimentos, água, atendimento médico e alguma alternativa educativa para as crianças.

Guterres disse que sem um solução política, a barreira dos 3,3 milhões de refugiados pode ser superada no final do ano.

Sem a contribuição do Kuwait, várias agências que oferecem ajuda essencial na Síria teriam que interromper ou reduzir significativamente suas atividades.

"Sem estes recursos, teríamos que suspender alguns programas humanitários", disse o diretor do Escritório de Assuntos Humanitários das Nações Unidas em Genebra, Rashid Khalikov.

O Programa Mundial de Alimentos (PMA), um dos principais braços de socorro da ONU, fornece comida a mais de dois milhões de pessoas na Síria em distintas áreas do país, além de para uma boa parte dos refugiados, uma operação que custa US$ 19 milhões por semana, disse Amir Mahmoud Abdulla, chefe de operações desta agência.

Sem os fundos kuwaitianos, a entrega de comida teria que ser interrompida no final de maio, admitiu, após afirmar que estes novos fundos "oferecem uma proteção alimentícia (aos beneficiados) até meados de junho".

Os principais contribuintes para aliviar o sofrimento do povo sírio - apanhado na guerra civil entre as forças do regime de Bashar Al Assad e a diferentes grupos rebeldes - foram até agora os Estados árabes, muitos deles identificados como provedores de financiamento à oposição.

Enquanto isso, as potências que apoiam o regime de Al-Assad -Rússia e China- realizaram contribuições insignificantes, o que fez surgir perguntas sobre a responsabilidade de uns e outros nas consequências de um conflito que começou há mais de dois anos.

A esse respeito, o diretor-geral adjunto da Organização Mundial da Saúde (OMS), Bruce Aylward, rejeitou falar de "responsabilidades morais" e recalcou que o mundo está perante "a obrigação comum de ajudar à Síria".

EFE   
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