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Oriente Médio

Amigos da Síria decidem reforçar ajuda à oposição

22 jun 2013 - 14h28
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Os principais países que apoiam a oposição síria decidiram neste sábado reforçar a ajuda aos rebeldes para equilibrar as forças no terreno antes da conferência de paz em Genebra, sem chegar a um consenso sobre o fornecimento de armas.

Reunidos em Doha, os onze países amigos da Síria, incluindo França, Estados Unidos e Grã-Bretanha, anunciaram a decisão de enviar "uma ajuda emergencial em material e equipamentos" à rebelião a fim de permitir que se defendam dos "ataques brutais do regime".

Eles indicaram em um comunicado após a reunião, que "toda a ajuda militar será canalizada" pelo Alto Conselho Militar Sírio do Exército Sírio Livre (ESL), principal facção da oposição armada.

Os Amigos da Síria "exigiram" ainda que os "iranianos e o Hezbollah cessem de intervir no conflito sírio".

"O Hezbollah (libanês) desempenhou um papel terrivelmente negativo, principalmente no ataque contra Quousseir. Não concordamos com a internacionalização do conflito. No texto que acabamos de redigir, exigimos que os iranianos e o Hezbollah cessem de intervir neste conflito", indicou o chefe da diplomacia francesa em uma coletiva de imprensa após a reunião.

Segundo o primeiro-ministro do Qatar, sheik Hamad ben Jassem Al Thani, o grupo adotou "medidas secretas" para ajudar a rebelião a mudar a situação no terreno.

Al Thani indicou que nove países participantes concordaram em uma ajuda militar ao ESL, mas não apontou quais seriam os dois Estados que não se manifestaram a este respeito.

O ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, pouco antes da abertura da reunião, havia indicado que Londres ainda "não decidiu" armar a rebelião síria.

"Sobre a questão de saber se devemos prestar uma assistência letal para a oposição síria, a posição continua a mesma: ainda não tomamos tal decisão", declarou Hague à imprensa.

Por sua vez, o secretário de Estado americano, Jonh Kerry, declarou que "cada país, a seu modo, aumentará a ajuda à oposição política e militar síria".

Ele considerou que os rebeldes precisam de um apoio que possibilite sua representação na conferência de paz de Genebra 2.

Kerry ressaltou ainda que seu país continua a apoiar uma solução pacífica e a realização da conferência de paz, que visa uma solução política para o conflito que já causou mais de 93.000 mortes, segundo a ONU.

Os Estados Unidos apoiam "o estabelecimento de um governo de transição" previsto pelo acordo de Genebra, que "seria escolhido por meio de um consenso mútuo pelo regime de Assad e a oposição", disse.

"Bashar al-Assad não terá nenhum papel em um governo de transição", ressaltaram os Amigos da Síria.

"A única solução (para lutar contra) o regime de Bashar Al-Assad é armar o Exército Sírio Livre (ESL) a fim de proteger os civis", declarou à Al Jazeera Louai Safi, porta-voz da coalizão de oposição.

"Esperamos uma mudança radical" durante a reunião de hoje, disse ele, acrescentando que os países árabes presentes na reunião "terão uma posição fundamental" sobre o fornecimento de armas.

Uma fonte diplomática ocidental indicou por sua vez que o chefe do Estado-Maior do ESL, o general Salim Idriss, "apresentou uma lista de demandas de armas que deverá ser discutida na reunião".

O porta-voz do ESL Louai Moqdad havia dito na sexta-feira à AFP que suas tropas receberam recentemente do exterior certa quantidade de armas "modernas", que poderiam "mudar o curso da batalha".

"Nós pedimos treinamento intensivo" sobre essas armas, afirmou.

Os rebeldes exigem armas pesadas para proteger áreas civis do poder de fogo do regime, que tenta recuperar redutos rebeldes em Damasco e Aleppo (norte), após retomar o controle, no início de junho e com a ajuda do Hezbollah, da cidade de Qousseir, reduto rebelde estratégico.

Burhan Ghalioun, membro da oposição, confirmou à AFP que a ESL recebeu "armas sofisticadas", citando "um sistema de defesa anti-aérea".

Enquanto a França e os Estados Unidos afirmam que armas químicas têm sido utilizadas na Síria contra os rebeldes, o ministro francês indicou que seu país enviou à oposição síria "medicamentos que podem proteger cerca de mil pessoas" contra o gás sarin supostamente utilizado pelo regime de Bashar al-Assad.

Isso diz muito sobre os danos causados por Bashar al-Assad contra seu povo", acrescentou.

"Precisamos acabar com essa tragédia, para isso existe um caminho, o caminho da solução política e Genebra 2 (...) Finalmente, é necessário que Bashar al-Assad, o Irã e o Hezbollah entendam" este recado, insistiu Laurent Fabius.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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