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Oriente Médio

Al-Qaeda no Iraque confirma ligação com grupo rebelde sírio

Frente jihadista Al-Nosra é um dos diversos movimentos que combatem o regime de Bashar al-Assad

9 abr 2013 - 07h04
(atualizado às 12h35)
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O líder da Al-Qaeda no Iraque anunciou pela primeira vez nesta terça-feira que a Frente Al-Nosra, um dos principais grupos que combate o regime sírio de Bashar al-Assad, é um ramo de sua rede e que seu objetivo é instaurar um Estado islâmico na Síria.

Ontem, um atentado suicida deixou ao menos 15 mortos e 146 feridos em pleno centro de Damasco, segundo a imprensa oficial, enquanto outros ataques parecidos foram reivindicados pelo grupo jihadista que atua na Síria desde o início da revolta contra o regime.

Até então, o grupo, formado por sírios e estrangeiros e classificado como "organização terrorista" por Washington, era suspeito de ser filiado à rede extremista. Na Síria, ficou conhecido primeiramente por seus atentados suicidas, mas ao longo do conflito passou a combater ao lado da rebelião contra as tropas de Assad.

"Chegou o momento de proclamar aos Rebeldes e ao mundo inteiro que a Frente Al-Nosra é, na realidade, um ramo do Estado Islâmico do Iraque", (ISI), principal organização iraquiana ligada à Al-Qaeda, declarou Abu Bakr al-Baghdadi em uma mensagem publicada em sites jihadistas.

Os dois grupos serão agora unidos sob o nome de Estado Islâmico do Iraque e do Levante, explicou. A Al-Qaeda no Iraque foi o primeiro movimento jihadista a incitar seus simpatizantes a combaterem o poder em Damasco, que chama de "nussaïri" (termo pejorativo pra designar os alauítas, a minoria heterodoxa de Assad).

Segundo informações em fóruns jihadistas, centenas de combatentes atravessaram a fronteira entre o Iraque e a Síria. O conflito que atinge o país há mais de dois anos já deixou mais de 70.000 mortos, 1,2 milhão de refugiados e 4 milhões de deslocados, segundo a ONU.

Os países ocidentais hesitam em fornecer armas aos rebeldes temendo que caiam nas mãos de extremistas. Em dezembro, Washington incluiu a Frente Al-Nosra em sua lista de organizações terroristas, mencionando seus laços com a Al-Qaeda e indicando que o chefe da rede extremista no Iraque "controla o ISI e a Frente al-Nosra".

Al-Baghdadi disse estar pronto para se aliar a outros grupos jihadistas, "desde que o país (a Síria) e seus cidadãos sejam governados segundo os preceitos de Alá". "A 'democracia' não deve ser a recompensa após a morte de milhares", lançou. Al-Baghdadi indicou ainda que foi a ISI que escolheu Abu Mohammad Al-Joulani o líder da Al-Nosra.

Em 7 de abril, o chefe da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, fez um apelo aos rebeldes para que estabeleçam um Estado Islâmico na Síria. No final de 2012, Al-Joulani mencionou pela primeira vez a intenção de seu grupo de instaurar um governo islâmico na Síria após a queda de Assad.

A Frente Al-Nosra conquistou o respeito de muitos sírios em zonas rebeldes pela disciplina de seus combatentes. Mas, recentemente, estes jihadistas entraram em conflito com habitantes locais por disputas ligadas a sua interpretação extremista do Islã.

No campo diplomático, Damasco rejeitou a missão de investigadores das Nações Unidas encarregada de determinar se armas químicas têm sido utilizadas no país. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, havia indicado que esses investigadores estavam prontos para inspeções no território.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o pedido de investigação feito pelo governo estava relacionado unicamente ao envio de uma missão ao vilarejo de Khan Aassal, na província de Aleppo (norte), onde o regime acusa os rebeldes de terem lançado um "foguete com substâncias químicas tóxicas".

O regime e a rebelião se acusam mutuamente pelo uso de armas químicas nas regiões de Aleppo e Damasco.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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